sábado, 1 de janeiro de 2011

Uma amizade inacreditável
Gata adotou bem-te-vi que caiu de ninho e o protege como a um filhote

(SÍLVIA LISBOA)




Quando Pitico caiu do ninho há três anos, tombando no terreno da dona de casa Nair de Souza, a moradora tratou de protegê-lo de Chiquita, temerosa de que o felino fosse abocanhá-lo. A avezinha estava duplamente indefesa. Além de passarinho, alvo dileto dos felinos, o bem-te-vi tinha um problema de nascença: suas asas não se desenvolveram como a de seus irmãos, que na mesma época deixaram o ninho voando. Conseguia apenas dar pulinhos, recurso ineficiente em caso de um ataque de Chiquita.
Ainda filhote, Pitico vivia dentro de uma caixinha, sob o olhar atento de dona Nair. Os receios não se justificaram. Para a surpresa da dona de casa de 51 anos, desde o primeiro dia em que se conheceram, Pitico e Chiquita não se estranharam. Pelo contrário, a cada dia que passava, sempre sob vigilância, os dois animais criavam afinidade. Passaram a comer no mesmo prato - Pitico virou até carnívoro por causa da amiga.
- Ele come tudo o que ela come - diz Nair.
Dormem no sofá da sala, trocam carícias e passam o dia brincando no pátio. Pitico até ensaia vôos para impressionar Chiquita. Apesar da afeição pelo bem-te-vi, a gata não perdeu o apetite por passarinhos. Esperta, usa o companheiro como isca para atacar pardais que se aventuram no pátio.
- Ela deixa o pardal se aproximar do Pitico, e quando ele está próximo, pula por cima dele e abocanha o pardal - conta a dona.
A dupla só se separa quando Pitico vai tomar seus banhos - o bem-te-vi toma até três banhos por dia na sua "piscina", uma bacia improvisada pelos donos. Nestes momentos, Chiquita admira, de longe, o estranho hábito do melhor amigo com a indiferença peculiar dos felinos.

FONTE:

http://www.aila.org.br/psicologia2.htm

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