quinta-feira, 29 de setembro de 2011

GALERIA DE FOTOS:
Ashes and Snow
Por GREGORY COLBERT

          As imagens que seguem representam integralmente  a proposta do blog: o biocentrismo, em toda a sua plenitude. Gregory Colbert como cineasta e fotógrafo canadense que fala através da arte e transcende a relação humano e animais como uma possibilidade harmoniosa. Aqui coloquei apenas algumas fotos para apresentar a exposição do seu museu itinerante Nomadic Museum e proporcionar momentos de reflexão e profunda sensibilidade. Muitas outras imagens estão disponíveis no site oficial abaixo ( OBS: vontade não me faltou de pôr todas! )

        FONTE:
           http://www.ashesandsnow.org/pt-br/portfolio/































































Flying Elephants Presents Part I

Flying Elephants Presents Part 2

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Fabricantes contestam prazo para retirada do mercado de mamadeiras com bisfenol | Agencia Brasil

Fabricantes contestam prazo para retirada do mercado de mamadeiras com bisfenol Agencia Brasil

Para que são usadas as avaliações educacionais? | BRASIL de FATO

Para que são usadas as avaliações educacionais? BRASIL de FATO

As representações simbólicas do feminino e do masculino na literatura evangélica.

Entrevista especial com Sandra Duarte

“As mulheres conquistaram muitas coisas em outros campos da vida, mas sua identidade como mulher continua sendo afirmada a partir do casamento, da maternidade e de todas as representações que envolvem essa condição”, assinala a teóloga.

Confira a entrevista
Livros evangélicos que ensinam as mulheres a serem “‘boas esposas’, ‘boas mães’ e ‘boas donas de casa’” estão entre os mais vendidos do mundo porque “as mulheres estão em crise”, afirma Sandra Duarte. Apesar de terem conquistado espaço na sociedade, destacando-se profissionalmente, as mulheres buscam “respostas religiosas para uma crise que extrapola nossa capacidade humana de lidar com tantas atribuições”, menciona em entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line.

A mulher ideal, na literatura evangélica, “é concebida como uma mulher domesticada de acordo com o padrão patriarcal da cultura”. Segundo a pesquisadora, as representações simbólicas de feminino e masculino contribuíram para naturalizar conceitos e atribuições de homem e mulher. Nesse contexto, as religiões ainda legitimam relações de dominação entre os sexos. “Essa maneira sacrificial de conceber o feminino tem sido um dos grandes problemas para a superação da dominação de gênero. A carga de culpa das mulheres por não corresponderem àquilo que é considerado ‘coisa de mulher’ é enorme”, avalia. E dispara: “É também importante dizer que boa parte dos livros evangélicos direcionados às mulheres desculpam os homens por serem “do jeito que são”.

Sandra Duarte de Souza é graduada em Serviço Social e em Teologia pela Universidade Metodista de São Paulo, mestre e doutora em Ciências da Religião pela mesma instituição. Cursou pós-doutorado em História Cultural pela Unicamp. Atualmente é professora da Universidade Metodista de São Paulo, coordenadora da área de Religião, Sociedade e Cultura do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – Como analisa a publicação e a divulgação da literatura evangélica direcionada ao público feminino? Qual é o objetivo da literatura evangélica para mulheres?

Sandra Duarte –
As mulheres contemporâneas, na maioria dos países, estão acedendo a uma condição política (no seu sentido mais amplo) que tem lhes permitido alcançar maiores níveis de educação (no Brasil, inclusive, somos maioria em todos os níveis de ensino a partir do ensino médio) e, consequentemente, maiores possibilidades de ganhos econômicos. Essa condição faz com que os vários segmentos comerciais se voltem para esse público que possui grande potencial de consumo. O mercado editorial não fica atrás. As mulheres leem mais do que os homens e, com o incremento de seu poder de compra, elas estão na mira das editoras e livrarias, inclusive ou principalmente das que produzem literatura religiosa, pois, em nosso país, por exemplo, de acordo com a pesquisa “Retratos da Leitura no Brasil”, a literatura mais consumida por mulheres é a religiosa.

Esse tipo de literatura, apesar de apresentar uma abordagem supostamente favorável às conquistas das mulheres nas últimas décadas, reconhecendo a necessidade de sua capacitação por meio da educação formal e de sua inserção no mercado de trabalho, tende a reforçar representações do feminino e do masculino que perpetuam a desigualdade de gênero.

IHU On-Line – Como a mulher é compreendida na literatura evangélica?

Sandra Duarte –
A literatura evangélica direcionada para mulheres tende a orientá-las a serem “boas mulheres”, isto é, “boas esposas”, “boas mães” e “boas donas de casa”. Elas podem fazer o que quiserem, desde que cumpram esse papel entendido como natural e divinamente conferido a elas. Em outras palavras, esse tipo de literatura reconhece a inserção das mulheres na esfera pública, mas afirma, às vezes implícita e às vezes explicitamente, que o seu lugar “mais legítimo” é a casa. Isso tem muitas implicações, por exemplo, se considerarmos que a conquista de novos lugares sociais pelas mulheres não tem sido acompanhada por uma redistribuição das tarefas domésticas e por uma transformação das representações do feminino. Com isso, o que vemos, são mulheres sobrecarregadas, estafadas e deprimidas, pois têm que provar cotidianamente que são boas o suficiente para estarem no espaço público (considerado espaço de homem) e que continuam boas o suficiente para dar conta das atribuições domésticas, culturalmente consideradas como “essencialmente” femininas.

IHU On-Line – Como a literatura evangélica apresenta a mulher para as mulheres? Há um ideal de mulher social?

Sandra Duarte –
A mulher ideal apresentada por esse tipo de literatura é, na maioria das vezes, concebida como uma mulher domesticada de acordo com o padrão patriarcal da cultura. Ela é apresentada como uma supermulher que dá conta do trabalho fora de casa, da realização ou da administração das tarefas domésticas, do cuidado com o marido, do cuidado com os filhos e filhas, do cuidado com outros membros da família, etc.

Também não passa despercebida uma noção de mulher paradigmática que foge à vivência real de um contingente significativo de mulheres. Se prestarmos atenção, veremos que essa mulher é sempre casada, seu marido está bem colocado no mercado de trabalho, ela tem filhos/as (poucos, evidentemente), tem casa própria, é de classe média, tem bom nível de educação fomal, tem vida profissional própria e é branca.

IHU On-Line – Como essa “mulher ideal” apresentada na literatura evangélica dialoga com a “mulher real”?

Sandra Duarte –
É difícil responder a essa pergunta. Mas penso que a imposição de uma mulher paradigmática pela literatura evangélica não é um fator isolado. Uma série de outros mecanismos produtores de sentido concorre para o fortalecimento dessa representação. A “mulher real” se identifica com essa “mulher ideal” porque ela representa a supermulher que conseguiu harmonizar todas as coisas sem enlouquecer, que conseguiu dar conta de todas as atribuições domésticas “com louvor”, que se dedicou de forma incontestável à família, que “engoliu sapos” dignamente, que teve uma vida profissional autônoma, que conseguiu se manter bela e desejável (de acordo com o padrão midiático) a despeito dos anos, etc.

Uma “mulher comum” não daria conta disso sem adoecer. Não é à toa que, na atualidade, o índice de mulheres com depressão, achando-se fracassadas, é enorme. Como disse anteriormente, as mulheres conquistaram muitas coisas em outros campos da vida, mas sua identidade como mulher continua sendo afirmada a partir do casamento, da maternidade e de todas as representações que envolvem essa condição. O acúmulo de atribuições inviabiliza uma vida saudável.

IHU On-Line – O que a busca pela literatura evangélica revela sobre as mulheres, especialmente em um momento em que elas estão cada vez mais atuantes no mercado de trabalho?

Sandra Duarte –
Creio que revela que as mulheres estão em crise. Tem sido cada vez mais difícil conciliarmos tudo, então buscam-se respostas religiosas para uma crise que extrapola nossa capacidade humana de lidar com tantas atribuições. Essa literatura, porém, continua informando às mulheres que elas devem continuar com toda a carga. Essa maneira sacrificial de conceber o feminino tem sido um dos grandes problemas para a superação da dominação de gênero. A carga de culpa das mulheres por não corresponderem àquilo que é considerado “coisa de mulher” é enorme. É também importante dizer que boa parte dos livros evangélicos direcionados às mulheres desculpam os homens por serem “do jeito que são”.

IHU On-Line – A religião ainda é utilizada para legitimar as relações de dominação entre os sexos? Por que essa visão persiste?

Sandra Duarte –
Sim, sem dúvida! Quando falamos de religião estamos falando de sistemas simbólicos. As representações do feminino e do masculino são construções socioculturais, portanto, são aprendidas. Por força do processo dialético de produção da sociedade, os sujeitos sociais passam a acreditar que essas representações são naturais. A religião contribui para a naturalização dessas representações quando as afirma como sagradas, como vontade divina.

A dominação de gênero ainda é um problema pouco discutido no âmbito religioso, pois sua contestação pode desconstruir boa parte das bases sobre as quais os próprios sistemas religiosos se assentam, se organizam e constroem sua hierarquia. E não estou me referindo apenas ao âmbito cristão.

É importante dizer, contudo, que a religião pode funcionar (e em alguns casos já funciona) como desconstrutora de relações de dominação de gênero, especialmente por sua capacidade de acessar os sujeitos sociais a partir de seus códigos religiosos.

IHU On-Line – Como ocorre a transmissão do discurso religioso sobre as relações sociais de sexo?

Sandra Duarte –
Por meio da literatura, dos sermões, da linguagem sexuada, das representações do divino, do aconselhamento pastoral etc. Mas também não podemos esquecer que a transmissão do discurso religioso não se dá exclusivamente pela religião. Os sujeitos religiosos são informados por outros mecanismos de produção de sentido. Portanto, estamos falando de uma combinação de sistemas culturais de sentido que dão o tom das relações de gênero em nossa sociedade.

Para ler mais:

FONTE: 

sacred spirit - Yeha Noha

ENIGMA THE CHILD IN US

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

LISTEN TO YOUR HEART ~ Mike Rowland

Fazendeiros destroem aldeia e expulsam indígenas Guarani-Kaiowá | BRASIL de FATO

Fazendeiros destroem aldeia e expulsam indígenas Guarani-Kaiowá BRASIL de FATO

Responsabilidade e Educação Ambiental, artigo de Donato Velloso | Portal EcoDebate

Responsabilidade e Educação Ambiental, artigo de Donato Velloso Portal EcoDebate
 Público não quer crueldade
Barretos está se tornando uma marca indesejável
Euripedes Kuhl
euripedes.kuhl@terra.com.br

     Vale a pena ler e divulgar. Empresários tomem cuidado ao patrocinar eventos que envolvem maus-tratos aos Animais.
por Guilherme Armando Contrucci
       Sou professor titular da Escola Nacional de Seguros (Funenseg), do Senac SP e de duas grandes universidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, além de ter um programa de televisão na UOL, e também participo do Conselho Deliberativo do Clube Ipê de São Paulo, Greenpeace e sou também palestrante empresarial.
      Há muito tempo percebe-se que aversão aos rodeios no Brasil cresce muito mais rápido que os admiradores do evento, mesmo levando-se em consideração o crescimento orgânico desses espetáculos e sua exposição na mídia em geral.
     Mas, ao contrário do que se prega na publicidade e no marketing comercial do produto, a imagem da marca está cada vez mais se consolidando como “lugar onde se reúnem pessoas alegres, celebridades de baixo nível (as garotas e garotos de programa da televisão) e apologistas da tortura animal”. Este dado não é minha opinião pessoal.
       Em recente pesquisa feita com cerca de 450 alunos das classes B, C e D moradores na grande São Paulo, idades variando de 20 a 34 anos, trabalhadores da indústria formal, identificou-se que a marca Barretos é sinônimo de diversão e crueldade animal.
     Dos 450 entrevistados, cerca de 83% responderam que participariam dos eventos se não houvesse o show dos peões e animais, 55% responderam que as cidades promovem rodeios por questões financeiras e não culturais.
     Na pesquisa , Barretos foi considerada uma cidade sem “estímulo para visitação” por conta da crueldade contra os animais.
      Alguns artistas que participaram dos eventos no passado, tendo em vista o comprometimento de suas imagens com o espetáculo cruel contra os animais, não aceitaram mais participar dos mesmos. Os nomes desses artistas não serão divulgados aqui, mas há dois casos notórios que tornaram-se cases de marketing, e encontram-se nas páginas pessoais desses cantores.
     Num deles, a artista pediu desculpas num show que realizou em 2010, para cerca de 10.000 fãs, por ter participado e cantado num evento de rodeio.

       Outro dado importante refere-se à campanha que dois clubes esportivos estão promovendo em São Paulo capital, desde 2009, para proibir a entrada de marcas que patrocinam os rodeios. Um dos clubes tem meu nome no conselho deliberativo, e aprovou semana passada uma proposta para o concessionário de alimentação barrar as bebidas dessa marca que patrocina o rodeio de Barretos.
        Nas aulas e palestras em universidades que tenho a oportunidade de participar o tema “proteção animal” já é recorrente nos trabalhos de conclusão de curso e monografias. A Uninove apresentou no ano passado um seminário sobre touradas, cultura e conflitos sociais, e o tema rodeio foi amplamente debatido, cuja conclusão final foi a aversão por tais espetáculos. Espero ter contribuido de alguma forma.
      Fonte:


quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Abaixo-assinado Abaixo-assinado contra o monumento em homenagem ao Gal. Golbery do Couto e Silva (Rio Grande, RS)

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Excluídos rejeitam mudanças no Código Florestal | Água e energia não são mercadorias!

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Xingu Vivo » #PareBeloMonte ganha a web

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Xingu Vivo » CNBB manifesta-se sobre Belo Monte

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Maior parte da área desmatada da Amazônia foi transformada em pastos | Agencia Brasil

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Protestos contra a corrupção marcam Dia da Independência em Brasília | Agencia Brasil

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Agrotóxicos para desmatar 4 mil hectares do Amazonas | MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

Agrotóxicos para desmatar 4 mil hectares do Amazonas | MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

Lista de escravocratas cresce 65% no Brasil; são 183 infrações do agronegócio | MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra

Lista de escravocratas cresce 65% no Brasil; são 183 infrações do agronegócio | MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
Prostituição entorno das obras das Usinas do Madeira será combatida com Força Tarefa

       Força tarefa vai enfrentar violência sexual contra crianças e adolescentes nos arredores das usinas Garantir a transparência da destinação de recursos, tanto por parte dos órgãos públicos, quanto do setor empresarial, com a participação popular e assegurar que nas ações compensatórias sejam garantidos, prioritariamente, os direitos das comunidades locais afetadas pelas construções das usinas hidrelétricas do Rio Madeira, são algumas das ações que a Rede Municipal de Enfretamento a Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes pretende realizar nos próximos dias, em Porto Velho.
      A reportagem é de Rondonoticias, 06-09-2011.
      Estes compromissos estão formalizados na Carta a Porto Velho, assinada pela ministra de direitos humanos, Maria dos Rosário Nunes e outras autoridades estaduais, municipais e representantes das empresas construtoras das usinas, durante o Encontro Nacional “O Impacto das Grandes Obras e a Violação dos Direitos Humanos de Crianças e Adolescentes – Desafio para prevenção de Violência Sexual”, realizado na capital, Porto Velho, no dia 22 de agosto.
      Na terça-feira (6), no SENAC, às 15 horas, representantes de instituições públicas governamentais e da sociedade civil, se reunirão para revisar o plano municipal e estadual de enfretamento a violência sexual, com o objetivo de torná-lo mais adequado as demandas dos distritos de Jacy-Paraná, Nova Mutum e Abunã bem como fortalecer a rede de proteção de Porto Velho para atender crianças e adolescentes vítimas de violência.
       O comitê também vai acompanhar os compromissos assumidos pelo governador Confúcio Moura, perante a ministra Maria do Rosário, de aplicar parte dos recursos de compensações das usinas, na construção de uma escola com período integral que unirá o ensino médio e o tecnológico profissional, em Jaci-Paraná.
       A construção de um prédio onde funcionará de base a para a Polícia Militar e Ambiental e o Corpo de Bombeiros.  Segundo Confúcio Moura, as obras seguirão rapidamente e a ordem de serviço deve ser anunciada já no inicio deste mês.
       Segundo a representante do Comitê Nacional de Enfretamento à Violência Sexual e integrante do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Maria dos Anjos (CDCA-RO), Denise Campos, é preciso reunir esforços para promover os direitos humanos de todas as crianças e adolescentes, em especial os direitos sexuais e reprodutivos.  Isso significa lutar por políticas públicas de educação, assistência social, saúde, segurança, esporte lazer e outros.  Reafirmando assim, o principio constitucional da prioridade absoluta de crianças adolescente.

Comitê Nacional

      Na seqüência do encontro com a ministra, o Comitê Nacional realizou durante dois dias, uma Assembléia Geral Ordinária que analisou os resultados das ações desenvolvidas entre 2008 e 2011 e definiu a agenda para os próximos três anos, sendo um dos principais desafios o empoderamento de crianças e adolescentes para o exercício de sua condição de sujeitos de direitos. Também foram eleitos os cinco representantes regionais e os dois representantes estaduais, sendo um adulto e um jovem para composição do novo colegiado nacional.
Fonte
Clomazone e o perigo dos agrotóxicos.
Entrevista especial com Darci Bergmann
       “O receituário agronômico virou uma mera formalidade, pois no cenário das lavouras as coisas acontecem de outra forma, principalmente quando os agrotóxicos são aplicados por aeronaves agrícolas”, denuncia o engenheiro agrônomo Darci Bergmann, em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail. Em incursões pela zona rural da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, Bergmann tem constatado situações de impactos ambientais e mau uso dos agrotóxicos nas lavouras agrícolas. “As chamadas normas operacionais, que estabelecem parâmetros de umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento, temperatura ambiente, distância mínima de moradias, mananciais hídricos, viram ficção”, informa.
      Engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, Bergmann trabalhou com agrotóxicos em uma multinacional e manteve revenda dos produtos e assistência técnica em mais de 400 propriedades rurais da fronteira oeste do estado. A experiência com o uso de herbicidas lhe mostrou que “esses produtos são de extremo impacto ambiental e não resolverão os problemas da fome no mundo”. Hoje, dedica-se à conscientização do uso de agrotóxicos.
        Na entrevista a seguir, ele comenta os efeitos do herbicida clomazone, utilizado com frequência nas lavouras de arroz irrigado, fumo e cebola. “As sementes de arroz são tratadas com um produto químico, que é uma espécie de antídoto ao próprio clomazone. Assim, podem ser usadas doses maiores da formulação comercial, muito acima daquelas recomendadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, menciona. Em outros estados, o clomazone é bastante utilizado nas lavouras de cana-de-açúcar e com a possibilidade dessa cultura se expandir para o Rio Grande do Sul, outras regiões do estado poderão ser afetadas com o herbicida.
       Darci Bergmann é ambientalista e fundador da Associação São Borjense de Proteção ao Ambiente Natural – Aspan, a qual presidiu por várias vezes. Atualmente, o engenheiro agrônomo formado ministra palestras de educação ambiental e desenvolve projetos de recuperação ambiental, paisagismo e produção de mudas de espécies florestais nativas e é perito judicial.
      Confira a entrevista.
     IHU On-Line Qual é o princípio ativo do herbicida clomazone? Desde quando ele é utilizado nas lavouras brasileiras?
    Darci Bergmann – O clomazone é o nome técnico do produto ativo que é comercializado com vários nomes comerciais. Ele é mais conhecido com o nome comercial Gamit. Conheço esse produto há mais de 20 anos; ele é bastante utilizado nas lavouras de arroz.
     IHU On-Line O senhor visitou propriedades em municípios gaúchos como São Borja, Itaqui, Maçambará, Santo Antônio das Missões e Uruguaiana. O que constatou a partir dessas visitas?
      Darci Bergmann – Por alguns anos, entre outras atividades profissionais, trabalhei com topografia, ou seja, medições de terra, projetos de barragens para irrigação e depois como perito judicial. Nas muitas incursões na zona rural, constatei várias situações de impactos ambientais dos agrotóxicos. O receituário agronômico era negligenciado e alguns produtos, mesmo que aplicados de acordo com as normas vigentes, causavam e ainda causam grandes mazelas. Portanto, em termos de agrotóxicos, não existe produto amigável ao meio ambiente. O nome já diz tudo. São venenos.
       O que me chamou atenção é que o receituário agronômico virou uma mera formalidade, pois no cenário das lavouras, as coisas acontecem de outra forma, principalmente quando os agrotóxicos são aplicados por aeronaves agrícolas. As chamadas normas operacionais, que estabelecem parâmetros de umidade relativa do ar, velocidade e direção do vento, temperatura ambiente, distância mínima de moradias, mananciais hídricos, viram ficção. Quando uma equipe de aviação agrícola se desloca ao campo, ela até pode iniciar as operações dentro dos parâmetros, mas as condições meteorológicas mudam no decorrer das aplicações, principalmente nos meses de primavera e verão. Um vento que soprava a 6 km/h no início  do trabalho, uma hora depois pode estar a mais de 10 km/h. A temperatura ambiente também se eleva e a umidade relativa do ar cai. Mas a pulverização aérea continua, porque as empresas de aviação agrícola alegam prejuízos se interromperem a operação. Há toda uma cadeia de interesses. As empresas e pilotos da aviação ganham por área aplicada. O proprietário da lavoura quer ver o serviço executado. Nesses casos, ninguém se lembra das derivas, aquela parte de produto que não cai na área almejada e que é arrastada para o ambiente no entorno, seja uma pastagem, um bosque, ou um manancial de água.
       Se é assim com todos os agrotóxicos, existem aqueles que são extremamente voláteis, isto é, que se espalham no ambiente com incrível facilidade. É o caso dos herbicidas de ativo 2,4-D na formulação éster e do clomazone. Se alguém abrir uma embalagem de herbicida contendo clomazone (Gamit) no meio de um jardim e imediatamente fechá-la, alguns dias depois as plantas no entorno estarão apresentando sintomas de branqueamento. O produto é extremamente volátil. Essa característica, por si só, já seria suficiente para que ele fosse proibido. Mas não é o que acontece. É registrado para uso em várias culturas, tanto para aplicações terrestres como por via aérea.
       Em minhas andanças recebi relatos de mortandade de árvores nativas e exóticas e pude constatar in loco esse tremendo impacto do clomazone sobre a flora, a tal ponto que a questão foi encaminhada ao Ministério Público Federal em Uruguaiana, pela Associação São-Borjense de Proteção ao Ambiente Natural Aspan.
      IHU On-Line É possível constatar, nessa região do estado, problemas de saúde relacionados ao uso de agrotóxicos na agricultura?
      Darci Bergmann – Sim. Existem casos de intoxicações agudas, aquelas que os médicos constatam com relação à exposição da pessoa a um determinado produto por manuseio inadequado. No entanto, há que se considerar que existe um ambiente todo comprometido. Nas épocas de aplicações mais intensas, principalmente nas lavouras de arroz e de soja da região, uma grande quantidade de herbicidas, inseticidas e fungicidas é aplicada via aérea e terrestre. Muitas lavouras estão próximas das áreas urbanas e a população recebe parte desses agrotóxicos pelas derivas. Os mananciais de água também são alvos dessa carga de venenos. Aí as coisas se complicam, pois há uma soma de princípios ativos diversos no ambiente, o que dificulta saber qual deles prejudica mais a população.
      Esses produtos ou os seus metabólitos podem sofrer interações. As evidências de que respiramos um ar envenenado e bebemos águas que contêm resíduos de pesticidas já aparecem quando muitas espécies de plantas no campo, e até na cidade, apresentam sintomas na forma de clorose nas folhas e queimaduras seguida de morte. Alguns produtos, como é o caso do ativo clomazone, mostram bem a trajetória. Exemplares de cinamomos com branqueamento são vistos por toda a parte, inclusive nas cidades. As sucessivas aplicações determinam uma grande mortandade de árvores também de espécies nativas, como é o caso da canafístula, cujos esqueletos são visíveis por onde quer que se ande.
      As plantas são indicadoras da pestilência química. Que efeitos isto pode ter sobre a saúde humana? Não atuo na área de saúde, mas constato o avanço de algumas doenças em pessoas de tenra idade. Os casos de leucemia são alarmantes. Mulheres jovens apresentam casos de câncer de mama. Perdi muitos amigos que lidavam diretamente com agrotóxicos nas suas lavouras, e seguidamente recebo informações de novos casos de câncer em pessoas na faixa produtiva.
       Certa vez um professor da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul UERGS me passou uma informação sobre rendimento escolar dos alunos de primeiro grau neste estado. Nos municípios da metade sul, com algumas exceções, o rendimento escolar era menor. Poderiam ser citados vários fatores, desde a situação socioeconômica, aplicação de recursos na educação, entre outros. Coincidência ou não, na metade sul localizam-se as maiores lavouras de arroz irrigado, que utiliza grande carga de agrotóxicos. Também nessa parte do estado é mais intensivo o uso da aviação agrícola. As aeronaves agrícolas por muitas semanas fazem aplicações de agrotóxicos e os resultados aparecem na vegetação nativa remanescente. Em muitos casos, pequenos agricultores de subsistência já não conseguem mais produzir, tal o efeito das derivas sobre os seus cultivos. Cabe de novo a pergunta: Um ambiente doente pode ser bom para a saúde humana? Há muito que se descortinar nessa questão.
      IHU On-Line O senhor disse que o clomazone é bastante utilizado nas culturas de cana-de-açúcar, cebola e fumo. Por que o uso é mais intenso nessas culturas?
       Darci Bergmann – O clomazone é um herbicida de amplo espectro. Em doses que variam nas formulações comerciais, algumas espécies vegetais são resistentes, mas as ervas competidoras não. Assim, o produto tem seu uso liberado para uso em diversas culturas, após ser registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa e passar por avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa e do Ministério do Meio Ambiente – MMA.
No Rio Grande do Sul, ele é mais usado nas culturas de arroz irrigado, fumo e cebola. Em outros estados, é aplicado em lavouras de cana-de-açúcar. Essa lavoura tende a se expandir no sul. O zoneamento agroclimático indica que o Rio Grande do Sul tem aptidão para o plantio de mais de 800 mil hectares de cana-de-açúcar. Se os herbicidas formulados à base de clomazone forem utilizados maciçamente nessa cultura, vamos ter em outras regiões do estado casos muito sérios com as derivas, o que já se constata na região em que vivo.
       IHU On-Line – Quais são os procedimentos dos agricultores da região em relação às embalagens? Há uma conscientização em relação à devolução dos recipientes?
      Darci Bergmann – Sim, nesse aspecto já há certo avanço. Mas esta é a parte mais fácil de ser resolvida. O problema é o que acontece com os 99% do agrotóxico que vai para o ambiente, porque a lavoura em que um agrotóxico é aplicado faz parte de todo o ambiente. Então, não existe aplicação segura. As grandes empresas do agronegócio fazem muito barulho em torno do recolhimento das embalagens, dando a entender à opinião pública que estão muito preocupadas com a questão ambiental. Será mesmo?
       Veja, porém, que as coisas não são bem assim: as sementes de arroz são tratadas com um produto químico, que é uma espécie de antídoto ao próprio clomazone. Assim, podem ser usadas doses maiores da formulação comercial, muito acima daquelas recomendadas pelo Mapa. Isto acontece na fronteira oeste. De outra parte, as limitações de uso do produto comercial conhecido como Gamit mencionam que ele não deve ser aplicado a menos de 800 metros de culturas suscetíveis, hortas, pomares, vegetação ribeirinha, etc. Isto por si só inviabiliza o uso desse herbicida nas lavouras gaúchas. Mas, na prática, as coisas são bem diferentes.
      IHU On-Line O senhor mencionou que perdeu milhares de mudas de árvores nativas do seu viveiro em função do clomazone. De que maneira esse herbicida tem atingido as lavouras gaúchas? Essa situação se espalhou por outras regiões do estado?
      Darci Bergmann – Sou vítima do clomazone, na cidade e no campo. Na área urbana tenho um viveiro de mudas florestais com dezenas de espécies. Em 2006, um vizinho contratou uma pessoa para aplicar dessecante no pátio com pulverizador costal. Não presenciei tal aplicação. Dias depois, as mudas de algumas espécies vegetais e plantas no meu jardim apresentaram sintomas de branqueamento. Isto foi constatado também na vizinhança, até uns 50 metros da área almejada. Vi logo que se tratava de produto à base de clomazone. O produto foi trazido de uma propriedade rural. Fiz a denúncia ao MP e houve laudo da Patrulha AmbientalPatram e de um agrônomo.
        Casos assim aconteceram em outras partes da cidade. Na minha chácara, dezenas de árvores das espécies canafístula e timbaúva, por mim plantadas, morreram e outras ainda agonizam. Simplesmente porque por ali passam as aeronaves carregadas com herbicida à base de clomazone e outros princípios ativos. Em propriedades ali próximas o problema se repete. E assim por todo o município de São Borja e outros da região.
      IHU On-Line De que maneira o uso de agrotóxicos têm prejudicado a agricultura? Por que os agricultores aderem a esses produtos?
      Darci Bergmann – De que agricultura nós estamos falando? Se a agricultura agora é vista como um agronegócio, ou seja, ela é uma atividade empresarial e por isso ela deve ser lucrativa, o que interessa é produzir e ter retorno dos investimentos. Não importa se a produção é de alimento, tabaco, seja lá o que for. Nessa visão, o agrotóxico é visto como um aliado, um insumo necessário e as consequências ambientais e sobre a saúde ficam muito difusas; não entram no cálculo. Esses custos ficam por conta da sociedade como um todo. É claro que já existem produtores empresariais mais preocupados e que procuram alternativas de produção menos impactantes ao meio ambiente e à saúde.
        De outro lado, existe a corrente orgânica que prega outro modelo de produção. Ela vem crescendo. Acredito que o consumidor, o cidadão tem que fazer as suas escolhas se quer uma produção mais saudável.
      Nessa questão estamos ainda muito tímidos. Têm pessoas que reclamam dos preços dos produtos orgânicos, mas esbanja-se com futilidades. Quer dizer, ainda falta muito para atingirmos um patamar de consciência nessa área. Mas sou otimista. Dia chegará que daremos valor às águas cristalinas de um riacho, um bosque nativo e alimentos mais saudáveis.
       IHU On-Line Existe alternativa para o uso de agrotóxicos na agricultura hoje? Que modelo agrícola seria adequado ao modo de vida atual?
       Darci Bergmann – Sim, existe. A própria pesquisa busca insumos e mecanismos de controle de ervas, pragas e doenças na agricultura convencional, aquela do agronegócio. Para citar um exemplo, já existe no mercado inseticidas formulados com princípios ativos extraídos dos frutos do nim, uma árvore da família meliácea, a mesma do cinamomo.
      Mas a utilização de produtos químicos ainda se dará por um longo período e os seus impactos sobre o ambiente também. Alguns produtos vão saindo do cenário à medida que se descortine o véu que encobre os malefícios que provocam. Não é fácil, pois as pressões existem. O registro de tais produtos se baseia na versão da parte interessada. Ela informa o que lhe convém e não revela e talvez até desconheça os descaminhos de um determinado agrotóxico no ambiente. Quase sempre as “pesquisas científicas” se baseiam em experimentos em ambientes controlados, muito diferente do que acontece lá no campo.
       O grande avanço se dará na agricultura orgânica, mudando o sistema de produção. Já existem experiências que deram certo, onde grandes produtores aplicam a integração com sistemas de manejo diferenciado. Nesses sistemas mais equilibrados, a propriedade é vista como um todo e ali há lugar para a produção e a preservação ambiental. A vegetação nativa é integrada à produção, pois serve de geradora de espécies que controlam pragas. Como se vê o campo é promissor para uma produção equilibrada.
       IHU On-Line Quais são as principais irregularidades na aplicação do herbicida clomazone? Quais as implicações da aplicação irregular de agrotóxicos via área?
      Darci Bergmann – Em resumo, um produto com essas características de volatilidade e agressividade ambiental tem que ser proibido. Alegar que ele é necessário para o sucesso de algumas culturas é, no mínimo, compactuar com a destruição escancarada da nossa flora. Alguém revoltado com a morte dos cinamomos na sua propriedade se referiu assim: “O uso desse produto é um crime ambiental legitimado pelos órgãos oficiais”.
      Com relação à aviação agrícola, ela deveria se limitar a atividades de semeadura, adubação e combate a incêndios. Ou utilizar produtos atóxicos. O uso de agrotóxicos via aérea é inviável, pois não é segura. Um avião em serviço sobrevoa áreas que nada tem a ver com a área almejada. Os seus defensores alegam que as equipes são treinadas e que as operações são as mais rápidas possíveis. Mas aí está uma das causas dos tremendos impactos dessa atividade. Um serviço é iniciado e termina em condições meteorológicas adversas porque tem outra operação pela frente.
       As empresas de aviação agrícola fazem um esforço para “esclarecer” a opinião pública. Gastam em propaganda, mostrando aspectos positivos, mas encobrem a realidade dos fatos. Faltam com a verdade quando dizem que a atividade é bem fiscalizada. Alguém por acaso acredita que, nas temporadas de aplicações, exista alguém fiscalizando em cada lavoura?
      Os relatórios de voo são preenchidos pelas próprias equipes. Alguns são meras montagens. Não retratam o que ocorreu em termos de fatores meteorológicos. Num caso que me chegou às mãos, os relatórios de voo em dois dias diferentes, continham os mesmos dados de velocidade e direção dos ventos. Esses relatórios são depois recolhidos pelos fiscais do Mapa.
       Houve época em que trabalhei com herbicidas para arroz e soja. Alguns produtores tinham preferência pelas aplicações aéreas. Em várias ocasiões, cancelei as operações no campo devido a fatores adversos. Isto desagradava o piloto comissionado e o agricultor. Pelo menos evitei consequências mais graves nesses casos. O bom senso recomenda que o clomazone, entre outros mais, seja reavaliado e definitivamente proibido no Brasil. Não dá para jogar toda a responsabilidade do uso desses produtos sobre alguns profissionais, através do receituário agronômico.
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