segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A revolução dos Jasmins contra as autocracias. Entrevista com Sami Naïr

 
            A chamada Revolução dos Jasmins, que explodiu na Tunísia há algumas semanas, pegou fogo como um rastro de pólvora em vários países árabes, e não dos menores. Iêmen e sobretudo o Egito vivem hoje revoltas que têm traços revolucionários. Trata-se de um fenômeno tanto mais único quanto o discurso ocidental sempre tratou os países árabes como incapazes de assumir coletivamente um destino democrático. Tunísia, Argélia, Mauritânia, Iêmen e Egito não apenas desmentem esses argumentos, mas que fazem tremer pela raiz as ditaduras que governam há décadas com mão de ferro e privilégios exorbitantes.

             Alguns analistas asseguram hoje que já não se trata de saber que regime cairá primeiro, mas qual se salvará desta onda de aspirações democráticas cujos protagonistas são as classes médias, os setores menos favorecidos e os jovens, que se organizam através da internet e das redes sociais. O mais moderno do mundo irrompe como instrumento de comunicação e protesto contra poderes dinossáuricos. Os protestos revelam também a ruptura sem remédio entre autocracias longevas, respaldadas historicamente pelo Ocidente, e a legitimidade popular.

           O sociólogo e filósofo Sami Naïr, professor de Ciências Políticas na Universidade de Paris VIII e presidente do Instituto Magreb-Europa da mesma Universidade, analisa nesta entrevista a originalidade e os estímulos desta revolução árabe. Autor de ensaios e análises brilhantes sobre política internacional, Naïr assinala como primeira contribuição da revolta o fato central de que o medo mudou de campo. É o poder que enfrenta hoje um povo que perdeu o medo.

            A reportagem e a entrevista são de Eduardo Febbro e estão publicadas no jornal argentino Página/12, 28-01-2011. A tradução é do Cepat.

Eis a entrevista.

         A Revolução dos Jasmins irrompeu na Tunísia com a imolação de um jovem e depois se estendeu a outros países. Agora, a revolta chega ao Egito e ao Iêmen. Você dizia em uma análise que, assim como ocorreu na América Latina primeiro e depois nos países do leste europeu, certa parte do mundo árabe desperta na história.

            Sempre pensei que, pelo menos no século XX, o laboratório dos povos foi a América Latina. A Revolução Russa não se pode entender sem a Revolução Mexicana. Os latino-americanos inventaram todas as formas de luta possíveis e imagináveis. Na América Latina se experimentaram as guerrilhas, as lutas políticas, os despotismos, as ditaduras. A partir dos anos 1980 e 1990, em quase todos os países da América Latina caíram as ditaduras. Esse movimento antiditatorial se desenvolveu em outros lugares do mundo, por exemplo, nos países do leste europeu com a queda do Muro de Berlim. Agora, esse movimento de fundo que se iniciou na América Latina está tocando todos os países da costa árabe do Mediterrâneo, e inclusive além, na península arábica, por exemplo, no Iêmen. O problema está em que, contrariamente ao que aconteceu na América Latina, o movimento que explodiu nestes países árabes não tem direção, nem organização, nem programa. É um movimento totalmente espontâneo que consta de duas características fundamentais: em primeiro lugar, trata-se de um movimento que destrói definitivamente a ideia de que estas sociedades estão condenadas a viver com o perigo extremista, o perigo fundamentalista por um lado e, por outro, com a ditadura como suposta garantia necessária contra esse perigo fundamentalista. Agora se está demonstrando que o problema é muito mais complexo e que estes países não querem experimentar nem o islamismo nem o integrismo, mas que, fundamentalmente, desejam a democracia. O segundo elemento importante, e que pode recordar o que aconteceu na América Latina, reside em que se trata de uma aliança circunstancial entre as camadas mais pobres, humildes, sem verdadeira inserção social, e as camadas médias empobrecidas nestes últimos anos. Na última década todos estes países sofreram um empobrecimento muito importante das classes médias e agora há uma fusão entre estas camadas médias e o fundo popular, as classes pobres totalmente excluídas do processo de integração dentro da sociedade.

           Se estas revoltas chegarem ao final nestas autocracias árabes estaríamos vivendo uma autêntica revolução mundial, um giro decisivo na história de nossa concepção dos sistemas políticos mundiais. Sempre se acreditou que os países árabes eram incapazes de assumir uma forma de democracia popular e participativa.

            Isso corresponde a um discurso muito depreciativo construído pelos países ocidentais, pelo capitalismo internacional cuja sede é a OCDE (Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico), os Estados Unidos e a Comissão Europeia. Estes atores querem que nos países árabes haja estabilidade e para isso necessitam regimes fortes, ditatoriais, porque o que lhes importa são duas coisas: em primeiro lugar, que essa gente não emigre e, em segundo, que as fontes de recursos petrolíferos estejam garantidas. Por isso desenvolveram esse discurso em sintonia total com os ditadores, que sempre repetiram: “nossos povos sofrem de maturidade política e cultural e, por conseguinte, não podem aceder à democracia”. Sabemos que tudo isso é falso, que as aspirações democráticas são muito fortes nesta região do mundo. Creio que o que está acontecendo demonstra isso de maneira muito clara. Cada situação é específica. Não se pode misturar o que aconteceu na Tunísia, um país que tem uma tradição laica e de elites ilustradas e formadas, muito fortes, com camadas sociais muito coesas, com a situação do Iêmen, onde impera um sistema tribal baseado na dominação despótica de um clã. A única coisa similar é o grau de dominação e a forma de controle, apoiadas na polícia ou no exército.

          A explosão social no Egito tem matizes inéditos. No Egito o Exército desempenha um papel central, onde o presidente, Hosni Mubarak, pertence a ele e onde quem é chamado a substituí-lo, ou seja, seu filho, Gamal Mubarak, é um liberal que não é bem visto pelas Forças Armadas.

        O caso egípcio é muito particular, em primeiro lugar porque o Egito é um velho Estado de direito, provavelmente seja o Estado de direito mais antigo do mundo. O Estado de direito moderno foi constituído por Mohamed Ali entre final do século XVIII e começo do século XIX, ou seja, antes que nós na Europa soubéssemos o que era. Mas esse Estado foi destroçado pelos ingleses no século XIX. Em todo o caso, o filho de Mubarak, Gamal, não representa a democracia. Gamal Mubarak é o elemento chave da nomenclatura que domina o país em sua vertente mais liberal. A questão do liberalismo não pode ser concebida unicamente como liberalismo econômico, salvo quando se trata de comparar o Egito com a China. Na China temos um despotismo político neocomunista e um liberalismo selvagem que encarna na realidade a dominação de uma elite burocrática. No Egito é diferente. É impossível que se possa organizar um sistema liberal sem democratização da sociedade. É indispensável evitar que o Egito se transforme em uma república hereditária onde o pai ditador nomeia seu filho futuro ditador liberal. As pessoas estão procurando outra coisa. As pessoas querem a democratização da sociedade para que a sociedade civil possa escolher com um debate democrático transparente. O filho de Mubarak é como seu pai. As pessoas não o querem porque já têm o exemplo da Síria, onde o filho substituiu o pai e acabou instaurando um sistema mais ou menos liberal, mas com a mesma ditadura.

          Você assinala que o que começou a acontecer na Tunísia e depois se estendeu a outros países é que o costume do medo mudou de campo. Acabou o medo.

Isso foi muito importante neste processo. Eu estava na Tunísia quando tudo isto começou e vi como o medo mudava de campo. A revolta tunisiana explodiu na localidade de Sidi Bouzid com a imolação do jovem Mohamed Bouazizi. A partir dali tudo se transformou. Até esse momento, o regime tunisiano estava baseado no temor. Mas a imolação de Mohamed Bouazizi mudou a situação, sobretudo pela atitude do presidente de então, Ben Ali, que foi para ver a família da vítima. As pessoas se deram conta ali de que quem tinha medo era o poder. O mesmo está acontecendo no Egito. O mais importante nestas revoltas é a vitória do imaginário que significa que transformaram a relação com o poder: agora são os ditadores que devem temer os seus povos. Isso não significa que amanhã vamos ter uma revolução em todas as partes, não. O movimento pode avançar, pode ser atrasado, não sabemos o que vai acontecer. Mas o que sabemos, e isso foi integrado pela população, é que os poderes podem ser mudados quando os povos desejam mudar suas condições de vida e ousam enfrentar o poder para escolher seu próprio destino. Por isso penso que estamos diante de uma onda que vai se desenvolver. Estamos na mesma história que os povos da América Latina abriram nos anos 1980. Depois foram seguidos pelos povos do leste europeu nos anos 1990 e agora vêm estes povos. Não podemos ocultar que o que está acontecendo é também uma consequência da globalização. A globalização é má socialmente, mas tem algo bom, que é a globalização dos valores democráticos nas sociedades civis.

 FONTE:
Greenpeace alerta que as emissões da exploração do pré-sal podem superar as do desmate da Amazônia

           País não conta a emissão do pré-sal – Para diretor do Greenpeace, governo não contabilizou emissões da nova exploração de petróleo, que podem superar as do desmate da Amazônia
          Em novembro o Greenpeace lançou o relatório Mar, Petróleo e Biodiversidade – a Geografia do Conflito, em que resume a situação da costa brasileira. Dos 44% da extensão costeira considerados prioritários para a conservação da biodiversidade pelo Ministério do Meio Ambiente, 2,57% são protegidos por unidades de conservação federais e 8,77% estão concedidos para exploração de petróleo e gás.
         Com o pré-sal em alta no governo Dilma ao mesmo tempo em que o País reitera seu compromisso de redução de emissões nas conferências climáticas da ONU, sobra a dúvida: investir na exploração de petróleo é compatível com a ambição brasileira de ter uma economia de baixo carbono? Entrevista realizada por Karina Ninni e publicada em O Estado de S.Paulo.
           Para o diretor-executivo do Greenpeace no Brasil, não. Marcelo Furtado explica por que o Brasil pode estar trilhando o caminho errado e justifica o atraso do barco da ONG para chegar ao local do acidente da British Petroleum, no Golfo do México, no ano passado.
          Depois de lançar o relatório Mar, Petróleo e Biodiversidade, o Greenpeace alertou que parte das áreas que deveriam ser conservadas em nossas águas já está concedida para exploração ou prospecção de petróleo. Mas as eleições coroaram a candidata do pré-sal.
           * A percepção do público parece não coincidir com a de vocês. Procede?
          Se essa é a percepção, o desafio que temos é não só o de brindar a sociedade brasileira com as informações que conseguimos, mas saber de que maneira a gente pode melhorar o fornecimento de informação estratégica para a sociedade, para que ela atue como um firme contrapeso às decisões que o País está tomando. Isso não é só em relação ao governo, também em relação às empresas. Se a gente está imaginando um Brasil maior e mais poderoso, agora que ele está mais integrado ao mundo global e mais rico – as empresas brasileiras estão se tornando grandes multinacionais, veja a Vale, a Petrobrás – precisamos de uma sociedade mais forte e bem informada.
           * O pré-sal causa mais rejeição no público com relação à atuação de vocês, ou isso sempre acontece quando o assunto é o Greenpeace?
           O Greenpeace é uma organização de ativismo, que usa a estratégia de ações diretas não violentas e não recebe dinheiro de empresas e governos, e isso é valorizado pelo público em geral. O nível de rejeição na questão do pré-sal é muito maior do que a gente vê normalmente porque há um histórico sobre a questão do petróleo no Brasil, desde a campanha O Petróleo é Nosso. Mas há um outro porém: a população tende a pensar que, agora que está mais rica e que o País achou petróleo, o Greenpeace vai estragar a festa, dizendo que é preciso pensar de outro jeito. Na verdade, o que nós estamos dizendo é o seguinte: queremos uma economia forte, um país forte, com menos desigualdade e educação melhor, mas a maneira de financiamento desse processo não precisa se dar através da política do petróleo.
              Lançamos (na COP do Clima) em Cancún um estudo que assegura que o Brasil tem a condição única – nenhum outro país do globo tem – de ter uma matriz 93% renovável abdicando do uso de petróleo, de energia nuclear e de carvão, e que custaria R$ 100 bilhões a menos do que o projeto atual proposto pelo governo. Nós não queremos que as pessoas sejam contra o pré-sal, queremos que elas reflitam. É dinheiro público – dinheiro nosso, do contribuinte brasileiro, que será investido.
         * Vocês temem que as emissões do pré-sal nos prejudiquem no futuro?
         Projeções mostram que as emissões do pré-sal podem ser iguais ou maiores do que o desmatamento da Amazônia inteira. E nas contas de emissões que o Brasil tem apresentado não estão computadas as emissões do pré-sal. A meta de redução de emissões que o País apresentou em Copenhague e reiterou em Cancún não leva em conta as emissões do pré-sal.
          Da maneira como foi construído o arcabouço regulatório do pré-sal, o governo estimula as concessionárias a explorar as áreas no menor tempo possível. O governo não vai ter a menor gestão sobre o que está saindo de lá.              Acontece que toda e qualquer emissão oriunda dessa exploração entra na contabilidade do Brasil. É preciso construir um mecanismo de monitoramento e controle online nas plataformas, para evitar o que ocorreu, por exemplo, na refinaria de Duque de Caxias há alguns anos, onde uma simples transferência de óleo de um tanque para o outro provocou um vazamento de 40 mil litros na Baía da Guanabara. Depois do acidente da British Petroleum os países estão repensando suas concessões. Nos Estados Unidos, as novas licitações ainda estão congeladas.
           * Por falar na BP, o barco do Greenpeace demorou três meses a chegar ao local do acidente, no Golfo do México. Especulou-se sobre as relações da ONG com a petrolífera.
          No dia seguinte à divulgação do acidente já tínhamos equipe na região. E a primeira coisa que a gente fez foi levar um especialista para a área para mapear e quantificar quais eram os impactos para o meio ambiente e o bioma local. Isso muito antes de o barco chegar. No momento em que o barco chegou, três meses depois, porque estava em outra missão, lá no Ártico, nós já tínhamos muita coisa feita.
QUEM É
Marcelo Furtado
Diretor-executivo do Greenpeace
Engenheiro químico, está no Greenpeace há 20 anos. Em 2008 assumiu a diretoria executiva da ONG no Brasil, depois de ter coordenado a campanha internacional contra o comércio de lixo tóxico, além de campanhas sobre clima, energia, florestas, oceanos e transgênicos.
EcoDebate, 31/01/2011
FONTE:

domingo, 30 de janeiro de 2011

ECO - FINANÇAS

ECO - FINANÇAS

MAIS DE 100 ORGANIZAÇÕES ALERTAM O BANCO DO BRASILSOBRE O FINANCIAMENTO PARA BELO MONTE

ECO - FINANÇAS

ECO - FINANÇAS

WWF Brasil - Cartilha mostra riscos de mudanças no Código Florestal

WWF Brasil - Cartilha mostra riscos de mudanças no Código Florestal
Relatório aponta violações aos atingidos por barragens

Raquel Júnia
Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), Fiocruz
Adital

           Documento do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do governo federal reconhece que efetivação de direitos só tem ocorrido quando há pressão dos movimentos sociais.
        "Há casos de pessoas que não aceitam a indenização, porque muitas vezes é muito abaixo do que deveria ser. Além disso, as pessoas não querem deixar o local onde construíram suas vidas e não acreditam que a desapropriação esteja próxima. Temos imagens disso: de um lado da casa, a retroescavadeira derrubando tudo, e do outro as pessoas tentando tirar os pertences, no meio daquela poeira". A cena é descrita por Sônia Maranho, da direção nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), e não aconteceu em apenas uma ou outra ocasião: um relatório divulgado nesta semana mostra que a violação dos direitos das pessoas atingidas por barragens é corriqueira e grave, como o MAB denuncia há 20 anos. O relatório aponta cem medidas para que os impactos de barragens na população sejam minimizados. Carlos Bernardo Vainer, membro da comissão especial que elaborou o relatório pelo Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR), alerta, sobre a conclusão a que o grupo chegou: "Se há uma decisão de construir estas usinas hidrelétricas e essas barragens, há que respeitar os direitos humanos. Se a única maneira de construí-las é desrespeitando os direitos humanos, a sociedade deve optar pelos direitos humanos e não pelas usinas. Porque o princípio do respeito, preservação e garantia dos direitos humanos é um princípio constitucional, societário e civilizatório, que se coloca acima de qualquer política setorial".
            O relatório foi elaborado por uma comissão especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), da Secretaria Especial da Presidência da República. O grupo foi criado em 2006, diante de denúncias de violação dos direitos humanos apresentada pelo MAB. Além do CDDPH, que coordenou os trabalhados, também compuseram a comissão representantes da Câmara dos Deputados, do Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPUR), do MAB, do Ministério Público Federal (MPF), do Ministério de Minas e Energia (MME), do Ministério de Meio Ambiente (MMA) e da Defensoria Pública da União.
           Diante das denúncias do MAB, o grupo selecionou seis casos de usinas hidrelétricas e um caso de açude para abastecimento de água para serem analisados - nos estados da Paraíba, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Santa Catarina/Rio Grande do Sul e Pará. As visitas foram realizadas no ano de 2007. "A situação é grave, o relatório concluiu que os direitos dessas populações são violados de maneira reiterada e sistemática, não é um caso ou outro. Isso não quer dizer que em todas as barragens construídas haja problemas, mas que isso é bastante comum, regular e reiterado", sintetiza o pesquisador Carlos Vainer.
          De acordo com o MAB, cerca de 70% dos atingidos por barragens não conseguem receber indenizações ou nenhum outro tipo de reparo à perda de direitos. Estima-se que no Brasil há mais de um milhão de desalojadas compulsoriamente por barragens. Mas como não há um cadastro que contabilize todos os atingidos, os dados são imprecisos e acredita-se que sejam muito mais expressivos, já que não há contabilidade de todos os atingidos, mas apenas os desalojados.
Direitos violados
           O documento apresenta uma lista com 16 direitos que são violado, entre eles o direito à informação e à participação; à liberdade de reunião, associação e expressão; ao trabalho e a um padrão digno de vida; à moradia adequada; à educação; a um ambiente saudável e à saúde; à melhoria contínua das condições de vida; à justa negociação e tratamento isonômico. ;. O relatório propõe recomendações para cada uma das violações de direitos. No caso da violação ao trabalho e a um padrão digno de vida, por exemplo, a recomendação nº 40 diz: "que o Poder Concedente, as Agências Reguladoras, os órgãos de licenciamento ambiental e o empreendedor considerem que a plena reparação daqueles que exploram a terra em regime de economia familiar, como proprietário, meeiro, posseiro, etc., assim como daqueles que, não se enquadrando em uma dessas categorias, têm vínculo de dependência com a terra, dela dependendo para sua reprodução física e cultural, deve se dar em 3 níveis: a) indenização em dinheiro pelas perdas materiais, composta pelo valor da terra, benfeitorias, safra, prejuízos pela interrupção de contratos (meeiros, arrendatários, parceiros, empregados, etc.); b) compensação pelo deslocamento compulsório, traduzida no direito ao reassentamento, individual ou coletivo; c) compensação pelas perdas imateriais, com o estabelecimento de programas de assistência nas diversas áreas técnicas necessárias à plena reconstituição dos modos de vida, redes sociais e econômicas, etc., como de natureza psicológica, assistencial, agronômica, etc.".

            Sônia Maranho descreve como tem sido o contato das empresas responsáveis pela construção das hidrelétricas com a população. "A empresa chega fazendo estudos, sem dar informação nenhuma às famílias e começa a fazer vistorias nas áreas. As famílias ficam assustadas, muitos deixam de viver os projetos que planejavam porque começam os boatos de que está chegando uma obra e essa obra precisará ter uma desapropriação por interesse público. E aí as famílias começam a viver a crise disso. Um tempo depois são feitas algumas audiências públicas, que na verdade são um teatro porque já está tudo planejado. Eles mostram o projeto e dizem que querem começar a negociar com as famílias'. E eles só fazem essas audiências porque isso está previsto em lei. Prometem empregos e desenvolvimento para a região. Algumas empresas começam a investir em algumas coisas centrais no municípios: por exemplo, dão alguma grana para os hospitais para convencer os prefeitos e a população. Mas depois, com as doenças e os funcionários que chegam, os postos de saúde e os hospitais não conseguem atender tantos problemas sociais".

Pressão e garantia de direitos

             O relatório deixa claro também que nos casos onde há uma situação melhor do ponto de vista da garantia de direitos, isso ocorre porque existe uma organização da população atingida. "O respeito aos direitos humanos está diretamente proporcional à capacidade da população atingida de se organizar e lutar para fazer valer os seus direitos. O estado tem se mostrado, em seus vários níveis, instâncias e esferas, incapaz de assegurar os direitos das populações atingidas, portanto, quanto mais luta menos direitos são violados", comenta Vainer. No que diz respeito à garantia do direito à organização e participação da população da região atingida, o relatório propõe, entre outras recomendações: "que os órgãos públicos sejam obrigados a promover processos participativos em todas as etapas relevantes à tomada de decisão relativa a uma barragem, contemplando, necessariamente, os planos nacionais e por bacia, assim como as concessões pela ANA [Agência Nacional de Águas] e Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica]".

             No final de 2010, o então presidente Lula editou um decreto estabelecendo a obrigatoriedade da existência de um cadastro socioeconômico das populações afetadas. O cadastro é, inclusive, uma das recomendações elencadas pela comissão especial. "O cadastro registra quem tem direito de ser reconhecido como atingido. E isso tem que ter o caráter público, não pode ser uma operação privada de uma empresa privada. Então, o fato de ser público é importante. E o fato de ele valer apenas por dois anos e depois disso precisar ser atualizado também é outra conquista importante. Porque muitas vezes as usinas demoram anos e anos e as pessoas se mudam, surgem novas famílias na região e elas não estão cadastradas", detalha Vainer. Para o professor, esse é um avanço relevante, mas ainda há questões que não podem ser desconsideradas. "É necessário que os critérios para elaboração desse cadastro sejam publicamente discutidos com a participação da população. Que os levantamentos sejam de natureza pública. Eu tenho defendido que seja feito pelo IBGE, um órgão público. Não pode ser por empresa porque ela é parte interessada, então, deve ser por um órgão teoricamente neutro, que irá registrar quem são as pessoas afetadas e quais são os seus bens afetados".

Energia limpa

           A maioria das barragens feitas no país é para a construção de usinas hidrelétricas, para geração de energia elétrica. De acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica existem hoje em funcionamento no país 890 empreendimentos de geração de energia hidroelétrica contabilizando-se usinas de grande e pequeno porte. O MAB denuncia que ao contrário do que se tenta mostrar, a energia hidrelétrica não é limpa do ponto de vista da destruição ambiental para a construção das obras e das populações atingidas. "Para nós, existe um grande crime ambiental na construção da hídrica. Por exemplo, no sul foram milhares de hectares de Araucária inundados. As hidrelétricas causam hoje muita destruição para o povo brasileiro. E, além disso, como a hidrelétrica não respeita o direito dos trabalhadores, ela não pode ser limpa", ressalta Sônia.

             O movimento considera ainda que é preciso refletir sobre a quem serve a energia produzida no Brasil. "Podem até existir as obras, mas que sejam feitas de uma forma popular. Hoje temos energia sobrando, todas as obras construídas são para produzir energia para exportação. Então, não teríamos mais necessidade de construir obras. Ficam iludindo o povo dizendo que haverá apagão, mas isso é uma luta ideológica para construir mais. O que teríamos que fazer era repontencializar as energias que já existem e que estão sendo abandonadas e cuidar da energia que se perde, porque hoje se perde muita energia.

               O professor Vainer comenta que o custo alto da energia das hidrelétricas é sempre para a população atingida. "Quem arca com o custo da redução à miséria de uma população de pequenos camponeses que vivia de uma forma razoável, ou de uma série de comunidades ribeirinhas que viviam da pesca e agora o peixe acabou? Quem paga são essas populações, não é o consumidor de energia elétrica, não é a fábrica de alumínio que paga barato pela energia porque todos esses custos sociais e ambientais são arcados pela população", denuncia. Ele ressalta que a comissão não tinha como objeto discutir o modelo energético brasileiro, mas sim as violações dos direitos às populações. Mas, acredita que esse é um debate que precisa ser feito: "Essa é uma discussão que a sociedade deve travar, e de repente isso pode trazer novas opções de modelo energético e de modelo industrial. Podemos descobrir que custa muito menos economizar energia do que produzir novas usinas. Mas a economia de energia não alimenta a indústria de barragens, nem as grandes empreiteiras, que vivem da construção dessas grandes obras. Vamos gastar R$ 30 bilhões para construir Belo Monte. Vamos destruir o Rio Xingu. Mas quanto vale o Rio Xingu? Vale a pena destruir um rio?".

Recomendações para todos

            O documento chama vários setores da sociedade à participação para que os direitos das populações atingidas sejam garantidos, além dos órgãos ligados ao governo federal, dos governos estadual e municipal, também o Ministério Público, as instituições de pesquisa e a sociedade civil. "Eu espero que o conselho e o governo comecem a tomar as medidas para que as recomendações sejam implementadas”.

             Para o MAB, também é preciso continuar vigilante "O documento é um reconhecimento daquilo que nós viemos buscando e denunciando há 20 anos. Vamos continuar organizando as famílias, denunciando, fazendo negociação com o governo, com as empresas e a sociedade. Nossa luta não acaba aqui, temos que organizar os atingidos e ter uma articulação internacional também porque as mesmas empresas que constroem Aquino Brasil constroem em outros países da América Latina, com os mesmos métodos e as mesmas violações. Este relatório deve servir de acúmulo de luta também para outros países".

O Ministério de Minas e Energia e o Ministério do Meio Ambiente, que também participaram da comissão especial que elaborou o relatório, foram procurados pela reportagem para falarem sobre o documento. Entretanto, as assessorias de imprensa dos dois órgãos responderam que não seria possível atender a solicitação.

Consulte o relatório sobre os "atingidos por barragens".

FONTE:

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=53573
Movimentos rechaçam licença parcial de Belo Monte concedida pelo Ibama

Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital

           Movimentos e organizações que lutam contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), receberam, nesta semana, mais um golpe do Governo brasileiro. Na última quarta-feira (26), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu uma "Licença de Instalação Específica” que autoriza a construção de canteiros pioneiros e acampamentos da usina de Belo Monte.
           A reação das organizações contrárias à usina não poderia ter sido outra: indignação. Antonia Melo, coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, define a licença como "uma desgraça que o Governo assinou”. "A licença de instalação parcial é uma manobra do Governo para burlar a lei e avançar com as obras de construção”, afirma.
         Uma nota emitida pelo Ibama revela que a licença, além de permitir a construção dos canteiros pioneiros e acampamentos dos sítios Belo Monte e Pimental da usina de Belo Monte, autoriza ainda a empresa Norte Energia a "realizar outras atividades como implantar e melhorar as estradas de acesso e áreas para estoque de solo e madeira e realizar terraplanagem”. Outra ação permitida pela licença é a "supressão de vegetação de 238 hectares para a implantação do canteiro e acampamento do sítio Belo Monte”.
           A indignação dos movimentos sociais não é exagero. A licença parcial concedida pelo Ibama não está formalmente prevista no licenciamento ambiental e, portanto, é considerada ilegal. Para a coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, o documento é uma maneira de já começarem a construir a usina na ilegalidade. "Na verdade, eles já começam a construir a obra; iniciam a construção ilegalmente”, comenta.
           O Ministério Público Federal no Pará (MPF/PA) também compartilha da opinião de que a autorização não respeita as leis brasileiras. Ontem (27), o órgão entrou com uma civil pública pedindo "a suspensão imediata” de tal licença. O MPF ainda pediu à Justiça Federal que suspenda a permissão de desmatamento concedida pelo Ibama e que impeça o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de "repassar qualquer tipo de recurso enquanto as ações civis públicas contra o empreendimento estejam tramitando, ou pelo menos enquanto as condicionantes não sejam cumpridas”.
            Em nota, o MPF afirma que a licença "é totalmente ilegal porque não foram atendidas pré-condições estabelecidas pelo próprio Ibama para o licenciamento do projeto”. De acordo com o Ministério, até a última quarta-feira – data da emissão da licença -, pelo menos 29 condicionantes não tinham sido cumpridas.
Ações
        Os movimentos sociais não ficaram calados diante da concessão da licença parcial. Ontem, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgou uma nota de repúdio à autorização. Mais de 60 organizações denunciam, também através de nota, os problemas que serão gerados por causa da construção de Belo Monte.
         "Denunciamos a liberação de Belo Monte como um ato ditatorial da pior espécie. O Ibama afirma que se reuniu com ‘organizações da sociedade civil da região', mencionando nossos nomes. Nestas reuniões, deixamos claro o que pensamos da usina. Deixamos claro que não queremos seu lixo, seus tratores, sua poluição, sua violência, sua exploração, seu trabalho escravo, suas doenças, sua prostituição, suas poças de água podre e seu desmatamento nos nossos quintais (ou naquilo que nos restará de nossas terras e não nos for roubado pelo governo)”, apresentam.
         De acordo com Antonia Melo, a ideia é que as ações cheguem a todos os lugares, principalmente às autoridades em Brasília. Segundo ela, no próximo dia 4, os movimentos sociais da Amazônia terão uma audiência com o ministro da Casa Civil para entregar documentos com as principais reivindicações.
         Nos próximos dias, participarão de seminários e mobilizações para chamar atenção da sociedade para a questão de Belo Monte. "Queremos pedir que todos digam para o Governo brasileiro para parar com esse modelo de desenvolvimento”, solicita, chamando ainda a população a conhecer e a divulgar as consequências dos projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltados para a Amazônia. "Esses projetos trazem miséria, morte, todo tipo de violência e destruição”, afirma.
       Além das notas, circulam na internet duas petições contra Belo Monte. Até agora, mais de 390 mil pessoas já firmaram os documentos. Para assinar, acesse: http://salsa.democracyinaction.org/o/2486/o/2486/l/por/p/dia/action/public/?action_KEY=4772 e https://secure.avaaz.org/po/pare_belo_monte/?vl


FONTE:

sábado, 29 de janeiro de 2011

Belo monte de violências (X)

Belo monte de violências (X)

Belo Monte de Violências (IX)

Belo Monte de Violências (IX)

Belo Monte de Violências (VIII)

Belo Monte de Violências (VIII)

Belo Monte de Violências (VII)

Belo Monte de Violências (VII)

Belo Monte de Violências (VI)

Belo Monte de Violências (VI)

Belo Monte de Violências (V)

Belo Monte de Violências (V)

Belo Monte de Violências (IV)

Belo Monte de Violências (IV)

Belo Monte de Violências (III)

Belo Monte de Violências (III)

Belo Monte de Violências (III)

Belo Monte de Violências (III)

Belo monte de violências (II)

Belo monte de violências (II)

Belo monte de violências (I)

Belo monte de violências (I)

Guerra Gélida: Monotonia em Meio à Ação 16/01/2011

Guerra Gélida: Monotonia em Meio à Ação 16/01/2011: "Os dias a bordo do Steve Irwin se alternam entre dias de ação intensa e dias que parecem um longo jogo de espera, exercício de paciência. No..."

Experimentação cruel/EUA

Escola de Medicina do Mississipi é acusada de torturar e matar porcos
29 de janeiro de 2011
Por Camila Arvoredo  (da Redação)

Foto: Reprodução/Animals Change
           Sendo uma das últimas escolas de Medicina remanescentes que ainda usa animais vivos para experimentação, o Centro Médico da Universidade do Mississipi está insistentemente mantendo suas práticas cruéis de ensino. O que é ainda mais triste é que a UMMC possui um centro de simulações já em uso, o qual incorpora o uso de uma variedade de modelos não-vivos do treinamento em fisiologia.
            O “Comitê de Médicos por uma Medicina Responsável” pressionou com sucesso as numerosas escolas de medicina a usarem métodos alternativos no lugar de animais vivos. Só restam sete escolas que ainda usam métodos cruéis, incluindo a UMMC.
           Entretanto, não será por muito tempo, caso o Comitê tenha algo a dizer a este respeito. E acredite, eles definitivamente têm.
           Porcos são as vítimas favoritas nas escolas de Medicina. De acordo com a Animals Change, eles são submetidos a uma série de testes depois de serem abertos vivos. Os porcos da UMMC recebem uma série de drogas, têm cateteres inseridos em suas veias e têm seu coração massageado. Tudo isso acontece enquanto o animal está vivo – uma prática conhecida como vivissecação. Depois que o experimento é concluído, os porcos são sacrificados. Em um mês, a UMMC matará mais de trinta porcos com este método.
              A UMMC ignorou repetidamente os pedidos para parar a experimentação em animais vivos, levando o “Comitê de Médicos por uma Medicina Responsável” a entrar com uma queixa junto ao “Departamento de Agricultura”. O Comitê acredita que o uso de porcos vivos para experimentação é uma violação do “Ato de Bem-Estar Animal”.
           A “Associação de Estudantes de Medicina dos Estados Unidos” emendou seus princípios em 1993 e em 2007, de modo a evidenciar a quantidade de métodos alternativos que podem substituir o uso de animais de laboratório e encorajando o seu uso. As escolas de Medicina como a UMMC argumentam que o uso de animais preparará melhor os estudantes para as situações da vida real.
            Entretanto eles falham na sua própria argumentação – animais por si sós não são modelos para humanos.
          Ao mesmo tempo que eles se agarram em métodos antigos, a UMMC afirma que a sua missão é apoiar iniciativas modernas de educação e dentro de um ambiente seguro.
         Então, qual é o porquê da UMMC insistir na experimentação com uso de animais vivos? Se 95% das escolas de medicina dos EUA estão prontas para fazer a transição, a UMMC deveria ser mais esperta e seguir o embalo. Dinheiro não é um problema, já que a UMMC gastou mais que 17,4 dólares em construção e planeja gastar 49,9 milhões em renovações neste ano.
          Além disso, o Comitê de Médicos convida os ativistas a se endereçar diretamente à UMMC para pressionar pelo fim do treinamento com animais vivo. A resposta poderia ser clara: esta prática é arcaica. Se a UMMC se direcionar para iniciativas inovadoras, o uso de modelos não-animais é o futuro.
      Assine aqui o abaixo-assinado para pressionar a UMMC a parar o treinamento de etudantes com animais vivos.
FONTE:

http://www.anda.jor.br/2011/01/29/escola-de-medicina-do-mississipi-e-acusada-de-torturar-e-matar-porcos/
ONGs preparam cartilha de como proceder com os animais em caso de catástrofes
29 de janeiro de 2011
(da Redação)
          Esta semana, uma equipe composta por representantes do Instituto Ecosul e GR3VA-Grupo de Valorização da Vida Animal de SP, circularam pela litoral e parte do Vale do Itajaí, avaliando a situação pós tragédia de 2008/2009 e levantando dados para a elaboração de uma cartilha com orientações básicas aos moradores e representantes públicos, de como proceder com os animais em caso de catástrofes.
            A equipe saiu de Florianópolis passando por Tijucas, Itapema, Balneário Camboriú, Itajaí e Navegantes e a chuva incessante já começava a causar danos. A programação previa uma visita a Joinville e Jaraguá do Sul, inclusive para uma avaliação dos abrigos de animais das entidades, pois somente o Abrigo Animal de Joinville conta com aproximadamente 1.500 cães e gatos, mas uma queda de barreira na BR- 101 não permitiu.
            Conjuntamente com o Corpo de bombeiros, foi feita uma avaliação da situação na região do Vale do Itajaí, as perspectivas de problemas maiores nos próximos dias e reforçada a parceria da corporação para a elaboração da cartilha das orientações às pessoas.
             Na região de Ilhota, foi constatado que as águas já começavam a invadir propriedades e haviam interrompido a estrada de ligação ao Alto Baú.
          No retorno, foi feita uma visita ao abrigo da Viva Bicho, com em torno de 650 cães e gatos, onde a situação era de relativa normalidade, a não ser o terreno encharcado e com pontos de alagamento. Mas os canis, gatis, escritório, ambulatório veterinário e depósito de alimentos encontrava-se a salvo.
            Neste inicio de semana, as chuvas deram uma trégua em todo o estado, diminuindo a possibilidade, pelo menos momentânea de uma tragédia maior, mas a situação é de alerta máximo.
Situação de abrigos de animais e ONGs
           Por enquanto, as informações  são de que os danos maiores foram nos abrigos temporários da AJAPRA (Assoc. Jaraguaense de Proteção Animal) de Jaraguá do Sul, cidade bastante castigada pelas chuvas.
          Outras organizações e ativistas independentes foram atingidos e encontram-se com dificuldades de manter e assistir seus animais.
          A RESA não tem hoje recursos e estrutura para centralização de donativos, transporte e perspectiva de doadores e arrecadação do nível daquelas obtidas na mobilização de 2008/2009, mas sua coordenação está atenta e pronta para auxiliar a todos com a experiência adquirida anteriormente para minimizar o impacto das intempéries na vida de animais humanos e não humanos.
Recomendações e sugestões
          Que os ativistas e entidades se organizem a partir de suas próprias regiões para socorro aos animais, o que facilita a agiliza o recebimento e distribuição da ajuda.
        Que todas as arrecadações até então obtidas no estado ou que venham a ser,  destinadas à outras regiões do Brasil sejam direcionadas às entidades locais comprovadamente socorrendo ou com animais em dificuldades.
          Que as entidades comprovadamente socorrendo ou com animais em dificuldades, enviem seus dados para divulgação de arrecadação de donativos. Eventualmente, a RESA poderá solicitar a uma organização ou ativista parceiro da região, uma avaliação e parecer sobre e real situação antes de divulgar os dados recebidos.
Contato:
Halem Guerra Nery
Coordenador da RESA-Rede Catarinense de Solidariedade aos Animais
Instituto Ambiental Ecosul
Fone: (48) 9934-0880
Com informações da RESA
FONTE:

http://www.anda.jor.br/2011/01/29/ongs-preparam-cartilha-de-como-proceder-com-os-animais-em-caso-de-catastrofes/

O IBAMA VIROU UM NEGÓCIO INSUSTENTÁVEL


           Antes de gerar o primeiro quilowatt, a usina de Belo Monte conseguiu transformar o Ministério do Meio Ambiente num negócio insustentável. Eletrocutou esta semana mais um presidente do Ibama. Governo vai, governo vem, cada vez mais eles passam e ela fica.

        Tragados por Belo Monte, os nomes passam pelo cargo tão depressa que mal dá tempo de aprendê-los. Geralmente saem de fininho, "exonerados a pedido" e condecorados por processos. Mas chegam com estardalhaço digno de plenipotenciários do patrimônio natural. E é assim que o Brasil está inaugurando mais um presidente do Ibama. Quem? O catarinense Américo Ribeiro Tunes.

         Como presidente substituto, Tunes nem precisou assinar a posse no Ibama. Assinou diretamente seu passaporte para a posteridade, concedendo de cara a licença "parcial" de Belo Monte. Ela autoriza o desmatamento de 23 hectares na bacia do Rio Xingu para a instalação de um canteiro de obras que formalmente poderá ou não construir a hidrelétrica. Mas com isso deixou na poeira todos os recursos técnicos e judiciais que o projeto ainda não conseguiu responder

           O demissionário Abelardo Bayma, antecessor de Tunes, assinou a licença prévia de Belo Monte. O antecessor do antecessor, Roberto Messias Franco, desencalhou em 2009 os estudos de impacto da hidrelétrica. Em 2008 demitiu-se a ministra Marina Silva, ao entrar en rota de colisão com Belo Monte, depois de capitular diante das pressões para liberar as usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira. Mesmo sem eletricidade, Belo Monte dá choque.

         Dure muito ou pouco essa interinidade de Tunes, ele tem um lugar na história da usina e da burocracia ambiental, juntando sua assinatura à estreia de "licença parcial", um truque que a rigor serve para testar encanador em reforma de banheiro. "Parcial", neste caso, quer dizer o quê?

          Se o termo for sincero, o país está entregue a interesses poderosos, sem dúvida, mas insensatos a ponto de defenestrar presidentes do Ibama só para construir um canteiro de obra sem a menor garantia de fazer a obra. Ideia semelhante só passou por Brasília uma vez, há mais de 30 anos, através da cabeça prodigiosa do economista Mario Henrique Simonsen. Como ministro do governo João Figueiredo, ele propôs que o Brasil legalizasse o pagamento de comissões por obras que não pretendia executar. Alegava que assim todos sairiam ganhando. A começar pelos brasileiros, que assim gastariam menos com empreitadas inúteis e perdulárias.

          Simonsen estava brincando. Queria simplesmente dizer com isso que muita coisa no país só sai do papel porque alguém está de olho na percentagem da intermediação. Mas a licença "parcial" de Belo Monte, a julgar pelo número de baixas que já causou, está falando a sério, mesmo sem esclarecer se aquilo custará menos de 19 ou mais de 30 bilhões de reais e gerará 11 mil ou 4 mil megawatts.

           Belo Monte é urgente porque o Palácio do Planalto está sentado sobre mais de 60 projetos de usinas, a maioria na Amazônia. Isso porque a região tem potencial sobrando? Não. Por enquanto, o que há são advertências no mínimo plausíveis, como a do engenheiro Enéas Salati, da Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável.

Salati está combinando com calma e cautela o que já se sabe sobre mudança climática com o que se conhece dos rios nas 12 grandes regiões hidrológicas do território brasileiro. Encara um horizonte de 2015 a 2100. Não tem pressa, porque não vai ganhar nem perder um tostão com obra nem desmatamento. Mas já tem dados para prever que a vazão média dos rios na Amazônia cairá de 30 a 40% até o fim do século. O Rio Tocantins tende a chegar lá com a metade do volume que tinha antes de 1990. É para lá que o governo está nos levando, custe o que custar.

FONTE:


Cresce em todo país movimento contra o aumento | BRASIL de FATO

Cresce em todo país movimento contra o aumento BRASIL de FATO
Grupo mostra que medidas simples reduzem consumo de energia

DA "NEW SCIENTIST"

          Um estudo da Universidade de Cambridge (Reino Unido) mostra que a energia global poderia ser economizada em 73% com a adoção de medidas simples e o uso de tecnologias existentes.
          As discussões sobre a redução das emissões de gás-estufa geralmente se concentram em formas de gerar energia limpa, sem mexer no consumo mundial, e não no aproveitamento do que já está disponível.
         Para chegar a esse número dos 73%, Julian Allwood e colegas de Cambridge analisaram prédios, veículos e indústrias, aplicando uma política de como aproveitá-los melhor.
        As alterações em casas e edifícios incluem instalação de vidros triplos para melhorar o isolamento térmico, utilização de tampas de panelas ao cozinhar e redução da temperatura de máquinas de lavar roupa e louça, entre outras mudanças. No transporte, também é indicado que o peso dos carros seja limitado a 300 quilos.
        "Se podemos promover uma redução séria de nossa demanda por energia", diz Allwood, "todas as opções [de fornecimento de energia] vão parecer mais realísticas".
       Nick Eyre, líder do grupo Futuro de Baixo Carbono, da Universidade de Oxford, diz que alguns pressupostos da equipe de Cambridge são conservadoras demais. Há edifícios que hoje podem consumir, com o aquecimento, menos de 15 quilowatt-horas por metro quadrado a cada ano.
         Ele, contudo, apoia Cambridge: "As ideias convencionais sobre o sistema energético e a política do setor precisam ser ampliadas e incluir a maneira como a energia é usada, e não somente a maneira como ela é obtida."
FONTE:

http://www1.folha.uol.com.br/ambiente/866804-grupo-mostra-que-medidas-simples-reduzem-consumo-de-energia.shtml
Abaixo o machismo! Viva a libertação da mulher riograndense do sul!

            Nos dias 21 a 23 de janeiro, realizou-se, em Bagé, RS, o 24° Encontro Estadual da Rede Mística Feminina do Meio Popular. Antonio Cechin, irmão marista, miltante dos movimentos sociais, comenta o encontro.

          Antonio Cechin é autor do livro  Empoderamento Popular. Uma pedagogia de libertação. Porto Alegre: Estef, 2010.

           Bons ventos sopraram neste nosso extremo-sul, no fim da semana passada. De 21 a 23 de janeiro aconteceu o 24° Encontro Estadual da Rede Mística Feminina do Meio Popular. Mas de que lado vieram os bons ares?

           Foi lá das bandas de Bagé, da “Rainha da Fronteira”. Trata-se de cidade estratégica que tem tudo a ver com a afirmação do feminino. Isso por causa de um consenso nacional: Bagé é a mais gaúcha de todas as cidades do Rio Grande do Sul. A mais gaúcha de todas? Então é aí que se concentra o que há de mais típico em nossa cultura, tanto no que se refere às qualidades quanto aos defeitos que nos diferenciam como povo face às populações dos demais estados da federação.

           Luís Fernando Verissimo, um dos nossos melhores escritores, em seu livro “O analista de Bagé”, logo no início, com o jeitinho bem brasileiro que o caracteriza e no tom humorístico que lhe é peculiar, nos diz: “Certas cidades não conseguem se livrar da reputação injusta que, por alguma razão, possuem. Algumas das pessoas mais sensíveis e menos grossas que eu conheço vem de Bagé, assim como algumas das menos afetadas são de Pelotas. Mas não adianta. Estas histórias do psicanalista de Bagé são provavelmente apócrifas (como diria o próprio analista de Bagé, história apócrifa é mentira bem educada) mas, pensando bem, ele não poderia vir de outro lugar.”

            Algumas linhas adiante, num primeiro diálogo junto ao divã do psicanalista, o cliente se sai com esta: “Eu não sou de muita frescura. Lá de onde eu venho, carência afetiva é falta de homem.” E por aí vai!... Bota machismo nisso!... 

          As mulheres reunidas em Bagé, começaram por uma pequena síntese histórica da Caminhada da “Mística Feminina” a partir da série dos 24 Encontros Estaduais com seus respectivos Tema e Lema. O título que, a nosso ver traduz suas lutas concretas em seus 30 últimos anos de luta pode ser assim resumido: guerra total contra o machismo em todas as frentes. 

             Em plena ditadura militar, período em que aflorou no Brasil o máximo do machismo, com um intenso trabalho de “formiguinhas”, bem na base da pirâmide social, floresceram as Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) nas periferias.

           Canoas, com a construção da refinaria Alberto Pasqualini e em seguida, com o Pólo Petroquímico, foi onde mais se aglomeraram trabalhadores expulsos do campo. As ocupações urbanas proliferaram. As mulheres pobres tornaram-se protagonistas de um movimento de resistência inesperado para garantir o espaço para morar. Assumem seu papel de gestação do novo como Pastoral da Mulher Pobre, organizadas em Clubes de Mães, Pastoral da Criança, Fornos Comunitários, Hortas Comunitárias, Galpões de Catadores, com réplicas no campo em Movimentos como o do MST, dos Pequenos Agricultores, etc. Estão presentes em todos os serviços das CEBs,  chegando mesmo ao detalhe de garantir em todos os setores a presença de mulheres negras. Comunidade Eclesial de Base é sinônimo de Igreja-Feminina pois mais de 90 % das pessoas que dela participam, são mulheres. Isso não só no Rio Grande mas também no Brasil inteiro.

         Em 1997, após dez anos de caminhada como Pastoral da Mulher Pobre, com muitíssimos outros pequenos grupos do Estado na mesma caminhada, passaram a articular-se como  Rede Mística Feminina do Meio Popular (fora até então “Pastoral da Mulher Pobre” até 1988).

           Conseguiram manter acesa a chama da Mística Feminina no meio popular há mais de vinte anos. Prepararam-se para o Novo Milênio articuladas em REDES, isto é, pequenas Comunidades que, ano após ano, através de encontros, trocam experiências, planejam objetivos comuns, buscam assessorias para dar os passos certos na caminhada. Confiando e tecendo um modo novo de ser, no impulso do otimismo do Espírito, cada mulher sente que emerge com uma nova essência: a mulher-comunidade, embalada por um grande entusiasmo.

Se, na história, a libertação dos escravos, Povo de Deus no Egito, começou com a desobediência civil das parteiras às leis do Faraó, hoje, são as delicadas mulheres empobrecidas que devem desafiar os senhores da guerra. E muitas são as formas a que as mulheres organizadas devem recorrer em defesa da vida.

           Geradoras e parteiras da vida, as mulheres da Rede Mística Feminina sentem-se convocadas a “dar à luz” a mil formas de libertar a mãe-terra das violentas agressões do mundo moderno.

            A partir do Fórum Social Mundial, em que se firmou a busca por um novo paradigma civilizatório, é necessário aprofundar a relação masculino-feminino como os dois princípios estruturadores da vida e do dinamismo de toda a criação. Foram desafiadas a iniciar uma verdadeira alfabetização dos princípios feminino e masculino, tanto para as mulheres como para os homens, na busca da unidade humana e cósmica perdida nestes dez mil anos de trajetória da civilização ocidental.

            No enfrentamento desse desafio, além da questão de gênero, também a questão inter-cultural, especialmente afro e indígena ganhou visibilidade. Foram essas culturas principalmente que nos levaram a uma integração das gerações e dos gêneros na busca de um “outro mundo possível”, urgente e necessário.

            Aproximando Vida e Bíblia com outras manifestações religiosas, palavras libertárias foram partilhadas nestes vinte anos, impulsionando as lutas dos movimentos sociais. Constataram, em Bagé, que o fio condutor dos sofrimentos que tiveram ao longo dos últimos 40 anos e das maiores vitórias que tiveram, giram em torno do famigerado machismo.

            Numa primeira etapa tiveram que se engalfinhar com o machismo na esfera familiar. Os maridos, dentro de casa, que com elas tinham vindo para trabalhar na cidade – no tempo da construção do pólo petroquímico na região do Vale dos Sinos – não queriam nada mais delas fora do serviço dentro de casa. Nada de sair por aí em reuniões de qualquer tipo que fosse, mesmo que se tratasse de assuntos caseiros. Grosserias eram assacadas contra elas. Se a reunião fosse na igreja, mesmo que só de mulheres, eram vítimas de tiradas assim: “você casou comigo e não com o padre”; “enquanto eu procuro trabalho, teu lugar é em casa, cuidando dos filhos e preparando comida pra mim”. Até conversas pela janela com vizinhas cheiravam a suspeitas lésbicas. Nos relatos do 24° Encontro não faltou, mesmo que tenha sido a boca pequena, algum caso de arranca-rabo machista entre marido e mulher que culminou com desquite ou divórcio.

           Na caminhada anti-machista, a etapa atual é o verdadeiro encantamento em que nos encontramos neste janeiro de 2011. O 24° Encontro da Rede Mística Feminina, não foi apenas de uma centena de mulheres líderes de todos os cantos do Rio Grande. Foi uma reunião de homens e mulheres de Comunidades Eclesiais de Base e de Movimentos Populares totalmente libertados e libertadas do machismo, onde serviços caseiros, empregos, funções políticas, etc. etc. são exercidos pelos dois sexos em pé de igualdade em qualquer meio social. Maridos totalmente convertidos às suas esposas através de uma emancipação feminina realizada sem medo e com muita dose de coragem.

Além de fazer o ponto dos 24 Encontros da MÍSTICA FEMININA, ao longo dos últimos 24 anos, começou-se em Bagé a refletir, apontando já para o Encontro Jubilar de Prata do Movimento, a celebrar em 2012, sobre o MACHISMO NA CULTURA GAUCHESCA.

            Além de provas desse machismo cultural local – destruição a ferro e fogo do Paraíso Terrestre Missioneiro, degola dos Lanceiros Negros em Porongos pelos Farroupilhas, Ditadura Militar com comandantes gaúchos à frente, etc. – temos a inconcussa prova do que aconteceu ultimamente com a Lei do Desarmamento propugnada pelo presidente Lula. Passamos uma vergonha infinita perante o Brasil inteiro.

         Vieram a público os protagonistas do gauchismo que anda por aí, os tais “tradicionalistas de araque” dizendo que “é da nossa cultura, bem gaúcha, andar de faca na bota e com um revólver 38 preso na guaiaca”. Não deu outra. Os necrófilos ou amantes da morte venceram na base de 80 % dos votantes do plebiscito.

              Oxalá o 25° Encontro, o das Bodas de Prata da Mística Feminina, por todo o ano de 2012, seja de  guerra total contra o machismo cultural e se transforme em verdadeiro tufão a varrer de vez e para todo o sempre, de norte a sul  e de leste a oeste deste nosso “garrão do Brasil” todo e qualquer vestígio de masculinismo excessivo, apelidado simplesmente de machismo.

 FONTE: