terça-feira, 29 de maio de 2012
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Código
Florestal e pedido de Referendo Popular
Leonardo
Boff
Teólogo,
filósofo e escritor
Adital
Lamento profundamente que a discussão do
Código Florestal foi colocada preferentemente num contexto econômico, de
produção de commodities e de mero crescimento econômico.
Isso mostra a cegueira que tomou conta da
maioria dos parlamentares e também de setores importantes do Governo. Não tomam
em devida conta as mudanças ocorridas no sistema-Terra e no sistema-Vida que
levaram ao aquecimento global.
Este é apenas um nome que encobre práticas
de devastação de florestas no mundo inteiro e no Brasil, envenenamento dos
solos, poluição crescente da atmosfera, diminuição drástica da biodiversidade,
aumento acelerado da desertificação e, o que é mais dramático, a escassez
progressiva de água potável que atualmente já tem produzido 60 milhões de
exilados.
Aquecimento global significa ainda a
ocorrência cada vez mais frequente de eventos extremos, que estamos assistindo
no mundo inteiro e mesmo em nosso país, com enchentes devastadoras de um lado,
estiagens prolongadas de outro e vendavais nunca havidos no Sul do Brasil que
produzem grandes prejuízos em casas e plantações destruídas.
A Terra pode viver sem nós e até melhor.
Nós não podemos viver sem a Terra. Ela é nossa única Casa Comum e não temos
outra.
A luta é pela vida, pelo futuro da
humanidade e pela preservação da Mãe Terra. Vamos sim produzir, mas respeitando
o alcance e o limite de cada ecossistema, os ciclos da natureza e cuidando dos
bens e serviços que Mãe Terra gratuita e permanentemente nos dá.
E vamos sim salvar a vida, proteger a
Terra e garantir um futuro comum, bom para todos os humanos e para a toda a
comunidade de vida, para as plantas, para os animais, para os demais seres da
criação.
A vida é chamada para a vida e não para a
doença e para morte. Não permitiremos que um Código Florestal mal intencionado
ponha em risco nosso futuro e o futuro de nossos filhos, filhas e netos.
Queremos que eles nos abençoem por aquilo que tivermos feito de bom para a vida
e para a Mãe Terra e não tenham motivos para nos amaldiçoar por aquilo que
deixamos de fazer e podíamos ter feito e não fizemos.
O momento é de resistência, de denúncia e
de exigências de transformações nesse Código que modificado honrará a vida e
alegrará a grande, boa e generosa Mãe Terra. Agora é o momento da cidadania
popular se manifestar. O poder emana do povo. A Presidenta e os parlamentares
são nossos delegados e nada mais. Se não representarem o bem do povo e da
nação, de nossas riquezas naturais, de nossas florestas, de nossa fauna e
flora, de nossos rios, de nossos solos e de nossa imensa biodiversidade
perderam a legitimidade e o uso do poder público é usurpação. Temos o direito
de buscar o caminho constitucional do referendo popular. E aí veremos o que o
povo brasileiro quer para si, para a humanidade, para a natureza e para o
futuro da Mãe Terra.
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