terça-feira, 14 de junho de 2011


Relatório de 'Amigos da Terra' destaca participação do Banco Mundial na crise climática

Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital

           Apesar do aumento nos financiamentos em combustíveis fósseis e do apoio ao mercado de carbono, o Banco Mundial conseguiu ser designado como administrador interino do Fundo Verde para o Clima. Diante dessa contradição, a organização "Amigos da Terra Internacional” divulgou, no último sábado (11), um informe em que ressalta a participação do Banco Mundial na crise climática. O relatório foi apresentando em um evento paralelo às primeiras rodadas de negociações da Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (CMNUCC), realizada desde segunda-feira passada (6) em Bonn, na Alemanha.
           Intitulado "Banco Mundial: catalisador da mudança climática devastadora – o rol do Banco Mundial no investimento em energia suja e nos mercados de carbono”, o documento da organização Amigos da Terra chama a atenção para os projetos financiados pelo Banco. De acordo com o relatório, a instituição financeira tem investido cada vez mais em projetos que emitem grande quantidade de carbono e na promoção de "falsas soluções para a mudança climática”.
          "Apesar da necessidade de reduzir urgentemente as emissões mundiais mediante uma transmissão justa que nos afaste do caminho de dependência nos combustíveis fósseis, a carteira de investimentos do Banco em energia induz aos países em desenvolvimento, entre eles a África do Sul e a Índia, a um futuro com altas emissões de carbono”, revela.
           A Amigos da Terra aponta que o Banco aprovou, no ano passado, um empréstimo para financiar a central de carvão de Medupi, na África do Sul. Segundo o informe, o país africano é responsável por 40% das emissões de efeito estufa da África e apresenta níveis de emissões mais elevados até mesmo que muitos países da Europa.
         O documento da organização social ainda destaca o investimento do Banco Mundial nos projetos hidrelétricos. No país asiático Laos, a instituição financiou a represa Nam Theun, a qual já deslocou 6.200 indígenas e afetou mais de 110 mil pessoas. "A carteira de investimentos do Banco em grandes represas e combustíveis fósseis representa cerca de dois terços de seus investimentos totais em energia, superando muito seus investimentos em energias verdadeiramente renováveis e em eficiência energética”, comenta.
        Outro ponto destacado por Amigos da Terra é a expansão do mercado de carbono. De acordo com a entidade, o Banco apoia os projetos de mercado e de compensação das emissões de carbono, prejudicando, assim, o meio ambiente e as populações do Sul, mais afetadas pela mudança climática.
       Entretanto, mesmo com essas posturas, a instituição financeira conseguiu um lugar de destaque no Fundo Verde para o Clima, criado durante as negociações da CMNUCC - realizada em dezembro do ano passado em Cancún (México) – ante os fracassos dos fundos formados para ajudar as comunidades em desenvolvimento a enfrentar a crise climática.
        Para a organização, as ações do Banco Mundial revelam uma "nova ofensiva de privatização e mercantilização da natureza”. "O financiamento para o clima não deve estar exposto aos vaivéns do mercado e dos caprichos dos investidores. Os países ricos industrializados que adquiriram uma dívida climática com o Sul global devem garantir que existam fundos adequados e suficientes que procedam de fontes públicas e se distribuam como subvenções, não como empréstimos”, ressalta.
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