QUEM NÃO RESPEITA AS PESSOAS, NÃO PODE RESPEITAR O MEIO AMBIENTE
por Sergio Abranches
No final do ano saiu a atualização da lista suja do trabalho escravo do governo do ex-presidente Lula. A novidade é ruim. Aumentou o número de infratores.
A atualização semestral da lista suja do trabalho escravo deste final de ano incluiu 88 novos empregadores e soma agora 220 infratores.
Warren Dean no seu magistral A Ferro e Fogo – A história e a devastação da Mata Atlântica Brasileira, diz que um povo que construiu sua economia com base no trabalho escravo não pode mesmo cuidar de suas matas. Está certo. E o problema continua.
Quando se olha a lista se vê que ela está concentrada nos grandes vetores de destruição ambiental e desmatamento no Brasil. Entre as empresas que desrespeitam os direitos dos trabalhadores, direitos da pessoa humana de fato, há aquelas da cadeia da madeira, agora incluindo inclusive empresa de reflorestamento de pinus, no Paraná e Santa Catarina, de eucalipto, no Pará e no Centro-Oeste. Há o grupo da cadeia da siderurgia, que desmata para fazer carvão vegetal e usa trabalho escravo ou precário. Há o grupo da pecuária e o grupo da soja. As empresas da cadeia da siderurgia, da pecuária e da soja, desmatam e poluem na Amazônia e no Cerrado, incluindo o Pantanal. Finalmente, está representada também a cadeia do biocombustível, biodiesel e etanol (álcool), com casos tanto no Centro-Oeste, no Nordeste, em Minas Gerais e no Espírito Santo. Empresas desses dois estados também aparecem no cultivo do café.
Entrou até uma empresa que estava fora da lista por liminar. São várias. É a Justiça impedindo a transparência e censurando. Os erros se multiplicam e se espalham pelo país, como pedras no caminho do nosso processo civilizatório.
Há empresas flagradas com trabalho escravo do Rio Grande do Sul a Rondônia, passando pelo Nordeste, onde se destacam negativamente Bahia, Ceará e Piauí. No Sudeste, Espírito Santo e Minas Gerais. O Pará continua campeão, seguido de perto pelo Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul.
Há uma correlação direta entre trabalho escravo e degradação ambiental Claro, a degradação comportamental não tem fronteiras. Quem desrespeita as pessoas jamais respeitará o ambiente. Onde a lei não se impõe, o crime se torna geral. No Pantanal, ele vai do desmatamento à exploração sexual de pré-adolescentes e adolescentes, do trabalho escravo à pesca e caça ilegais. Na Amazônia, agora se adiciona o tráfico de drogas ao desmatamento, trabalho escravo e tráfico de espécies protegidas. À violência da jagunçagem se superpõe a violência associada ao tráfico. Belém e Manaus experimentam uma escalada de violência e drogas. Não é só os morros do Rio de Janeiro que estão fora do império da lei. É problema nacional.
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