quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O QUE É EDUCAÇÃO NESSE PAÍS?

Quando falamos de educação não faltam demagogismos principalmente na época das campanhas eleitorais. Ninguém discorda que ela é fundamental em qualquer modelo de sociedade, mas que muitas vezes; é esquecido a figura do professor e sem ele, naõ existe educação. O Brasil, bem como; outros países em desenvolvimento tem passado, desde a década de 90;  por uma série de ajustes neoliberais estrutantes nas políticas públicas, principalmente no que concerne a educação. Durante este tempo, alguns direitos sociais foram sendo perdidos, mas o mesmo aconcteceu com os valores "morais" ou relacionais, ou seja; de valorização do sujeito professor. Fato, aliás; exacerbado na nossa sociedade, cada vez mais individualista e que preza a produção, o consumo e que se refletem diretamente na educação, que passa a ser  pautada no sentido quantitativo, ou seja, quantos alunos? quantas aprovações? número de  carga horária e muitos outros, deixando de lado o sentido mais profundo e simbólico da educação, que é o seu caráter humanitário  e transformador. 
 Mas quem é o professor? Aquele que cumpre a risca uma jornada de trabalho, que muitas vezes perde o convívio da família, os domingos corrigindo provas e trabalhos? O atual sistema de ensino passa a desconsiderá-lo como pessoa, passa-se então, a um processo coisificador, onde o professor se torna  um réles operário do saber. Cabe a este somente, obedecer a um  modelo conservador e retrógrado num padrão de escola pública que tenta se enquadrar em índices de financiamentos que não condizem com a realidade local. É chamada política do passa-passa, a escola é avaliada em estatísticas de aprovação que definem a sua verba e aí daquele professor que fizer tudo certinho como o sistema manda, se perigar apanha até do diretor.
Muitos consideram e temos que fazer menção ao esquema cultural brasileiro ( justamente por valorizar mais um jogador de futebol ou uma modelo, um traficante, apenas exemplos...) , que a docência é uma tarefa demasiadamente fácil, que não é uma atividade que exija grandes esforços físicos. Porém,  enganam-se os que pensam assim. Ser professor é exercer ao mesmo tempo alta complexidade de atitudes e habilidades ao mesmo  tempo, que envolvem desde a dimensão emocional, cognitivo até o físico. Digo: emocional, porque os pais estão cada vez mais transferindo para  a escola a sua obrigação de educar seus filhos para a vida. Digo cognitivo; porque há uma necessidade de constante atualização do professor frente ao fluxo de informação, e que na maioria das vezes, o professor não dispõe de tempo para fazer sequer uma pós ou qualquer outro curso de atualização, pelos impedimentos de tempo e tarefas do  próprio sistema que não o apóia. Aliás muito pelo contrário, quanto mais fechado ( acoado ) estiver o professor, mais fácil será a tarefa de coisificá-lo de manipulá-lo, é a violência simbólica silenciosa. Já o sentido físico estaria associado a densa carga horária a que são submetidos milhões de professores, devido a baixa remuneração e que não condiz com a complexidade do exercício da sua função de docência. Por essa e outras, o professor é um guerreiro, por isso eu trago o texto abaixo escrito por uma pessoa que não é Phd em educação, mas sim um comediante ( por que nesse país educação virou piada! ), que denuncia a condição a que são submetidos millhões de professores no Brasil. Azar dos que são contratados, estes são considerados como pré-projeto de professor.

 
O PROFESSOR ESTÁ SEMPRE ERRADO
(Jô Soares)

O material escolar mais barato que existe na praça é o professor!
É jovem, não tem experiência.
É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um pobre coitado.
Tem automóvel, chora de "barriga cheia'.
Fala em voz alta, vive gritando.
Fala em tom normal, ninguém escuta.
Não falta ao colégio, é um 'caxias'.
Precisa faltar, é um 'turista'.
Conversa com os outros professores, está 'malhando' os alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó do aluno.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama a atenção, é um grosso.
Não chama a atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a 'língua' do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu 'mole'.

É, o professor está sempre errado, mas, se conseguiu ler até
aqui, agradeça a ele!

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