terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Voto senciente   Veja abaixo a relação de políticos que agiram contra os interesses dos animais.

Antes das eleições, consulte esta relação. Não dê seu voto para aqueles que contribuíram para promover ou perpetuar abusos contra os animais.

Nome Base eleitoral Partido Ação
Dilceu Sperafico
 Paraná
 PP •Comandou a votação na Comissão de Agricultura da Câmara Federal contra o Projeto de Lei n° 7586/06, que previa a proibição da comercialização do aldicarbe, ingrediente do devastador veneno conhecido como "chumbinho", que mata milhares de animais e pessoas todos os anos. Para outras informações sobre o histórico do político clique aqui.


Edison Portilho
 Rio Grande do Sul
 PT •Como deputado estadual, criou um projeto de lei que permite que os animais sejam torturados e sacrificados em rituais religiosos, aprovado pela Assembléia Legislativa do RS.


Eduardo Matarazzo Suplicy
 São Paulo/SP
 PT •Na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal, votou contrariamente à aprovação do Projeto de Lei da Câmara nº 04/2005, que prevê a esterilização como método de controle populacional de cães e gatos.


Jair Meneguelli São Paulo
 PT
 •Autor do Projeto de Lei federal nº 3456/97, que institui normas gerais relativas a atividade de peão de rodeio, que dá amparo legal para a realização deste tipo de evento.


José Thomaz Nonô Alagoas

 •Autor do Projeto de Lei federal nº 4548/98, que retira a proteção jurídica de animais domésticos e domesticados conferida pelo artigo 32 da Lei 9605/98 (Lei dos Crimes Ambientais).


Marcelo Barbieri Araraquara/SP
 PMDB •Aprovou Lei federal nº 10.220, de 11 de abril de 2001, que regulamenta a profissão de peão de rodeio e, portanto, permite este tipo de evento;
•Em 2010, ocupando o cargo de prefeito, vetou Projeto de Lei municipal que proibia rodeios em Araraquara.

Sandoval Cardoso Tocantins
 PMDB •Aparece em foto, com espingarda, exibindo como "troféu" uma onça assassinada em sua fazenda.

Wilson Pereira Fortaleza de Minas/MG
 PDT •Ocupando o cargo de vereador, foi detido por caça ilegal (flagrado assassinando pacas). Veja informações em http://bit.ly/bhRzeS e http://bit.ly/briwrr



FONTE: http://www.sentiens.net/promotoria-de-defesa-animal/links
Maus-tratos contra animais: a importância da repressão jurídica

Fernando Capez

Tramita perante a Câmara dos Deputados o Projeto de Lei n. 4.548/98, que propõe a modificação da redação do art. 32 da Lei dos Crimes Ambientais, o qual considera criminosas as ações de ferir, mutilar, praticar abuso e maus-tratos contra animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos.

Pretende-se, com essa propositura, suprimir parte do texto do aludido dispositivo legal, de molde a excluir da proteção penal os animais domésticos ou domesticados.

Ao se levar adiante tal Proposta Legislativa, será reputada ilícita apenas a prática de crueldade contra animais silvestres, nativos ou exóticos. Com isso teremos a abominável situação: torturar uma espécie da fauna, como um macaco, será considerado um ato criminoso reprovável, ao passo que jogar ácido ou torturar um cão ou gato será um irrelevante penal.

Por que proporcionar tratamento díspar a situações assemelhadas? A reprovabilidade da conduta do autor não é a mesma em ambas as formas de crueldade praticadas, isto é, não estaríamos diante do mesmo desvalor da ação, o que conduziria a idêntica punição?

Segundo a justificativa do Projeto, a criminalização desses atos colocaria em riscos tradições existentes em nosso território, como festividades envolvendo animais domésticos e domesticados, entranhadas na cultura popular, e que se revestiriam de inegável relevância econômica. Além disso, o art. 64 da Lei das Contravenções Penais já puniria tais ações.

Ora, deixar de considerar crime toda forma de crueldade contra animais domésticos ou domesticados, a pretexto de que o art. 32 da Lei impede uma atividade cultural e econômica específica, como a vaquejada, rodeios, etc. é um gritante contra-senso.

Argumentos econômicos não podem servir de alegação para justificar atos de crueldade. Se a Constituição Federal, no inciso VII do §1º do art. 223, determina a punição de atos de crueldade contra animais[1], não cabe ao legislador ordinário restringir a proteção legal.

Nem se propugne que o art. 64 da Lei das Contravenções Penais[2], que também tipificava a crueldade contra animais, serviria de “soldado de reserva”, na medida em que, com o advento do art. 32 da Lei n. 9.605/98, aludida contravenção acabou sendo revogada pelo mencionado Diploma, cuja tutela é específica e mais abrangente, com imposição de penas mais severas.

Portanto, o art. 64 da LCP não mais existe no mundo jurídico, de forma que, caso o art. 32 da Lei n. 9.605/98 tenha a sua redação suprimida, os animais domésticos e domesticados, que forem vítimas de crueldade, deixarão de ser objeto de qualquer proteção penal, estimulando os maus-tratos contra eles. Diante desse “vazio legal”, como ficarão os inúmeros relatos de comércio ilegal, agressões, mutilação, tortura em rinhas, extermínio, aprisionamento, abate ilegal, morte por estricnina ou meios cruéis etc?

Interessante alertar que estudos desenvolvidos pelo Federal Bureau of Investigation (FBI) têm convencido a comunidade no sentido de que os atos de crueldade contra animais podem ser os primeiros sinais de uma violenta patologia que pode incluir vítimas humanas. Assim, os chamados serial killers, muitas vezes, iniciam o processo matando ou torturando animais quando crianças[3].

Por força disso, o Estado não pode compactuar com qualquer forma de crueldade, inclusive, contra animais, pois também é uma forma de violência manifestada pelo homem que pode se convolar em atos mais graves e reprováveis contra a própria sociedade.

Note-se que, por se tratar de grave questão, tem surgido um forte momento social no sentido de compelir os Poderes Públicos a adotarem medidas protetivas mais contundentes, a fim de evitar tais ações reprováveis contra os animais domésticos ou domesticados.

Que a comunidade, portanto, se mobilize pela proteção de todos os animais, silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, sem qualquer discriminação, pois a repressão de qualquer forma de crueldade, tortura, maus-tratos constitui acima de tudo um postulado ético-social do Estado Democrático de Direito.

Notas
[1] Reforçando a tutela aos animais domésticos ou domesticados, vale mencionar que o Decreto nº 24.645, de 10 de julho de 1934, em seu art. 1º já assegurava, outrora, que “Todos os animais existentes no País são tutelados pelo Estado”. O art. 17, por sua vez, já rezava que “ A palavra animal, da presente lei, compreende todo ser irracional, quadrupede ou bípede, doméstico ou selvagem, exceto os daninhos”. O art. 2º, § 3º , finalmente, já previa que: “Os animais serão assistidos em juízo pelos representantes do Ministério Público, seus substitutos legais e pelos membros das sociedades protetoras de animais”.

[2] Art. 64 da LCP: “Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo: Pena- prisão simples, de 10 (dez) dias a 1 (um) mês, ou multa.

§1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins didáticos ou científicos, realiza, em lugar público ou exposto a público, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo.
§2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal é submetido a trabalho excessivo ou tratado com crueldade, em exibição ou espetáculo público”.
[3] Disponível em: http://www.peta.org/mc/factsheet_display.asp?ID=132. Acesso em: 26/03/2010.

Fernando Capez - fcapez@al.sp.gov.br
Procurador de Justiça e Deputado Estadual. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo. Mestre em Direito pela USP e doutor pela PUC/SP. Professor da Escola Superior do Ministério Público e de Cursos Preparatórios para Carreiras Jurídicas

FONTE: http://www.sentiens.net/liberacao-maus-tratos/textos-relacionados/38-maus-tratos-contra-animais-a-importancia-da-repressao-juridica
O Pássaro Cativo
(Olavo Bilac)
Armas, num galho de árvore, o alçapão;
E, em breve, uma avezinha descuidada,
Batendo as asas cai na escravidão.

Dás-lhe então, por esplêndida morada,
A gaiola dourada;
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo:
Porque é que, tendo tudo, há de ficar
O passarinho mudo,
Arrepiado e triste, sem cantar?

É que, crença, os pássaros não falam.
Só gorjeando a sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer:

“Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que a voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores,
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola
De haver perdido aquilo que perdi ...
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido, e escondido
Entre os galhos das árvores amigas ...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pompas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes? Solta-me covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade:
Não me roubes a minha liberdade ...
Quero voar! voar! ... “

Estas cousas o pássaro diria,
Se pudesse falar.
E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição:
E a tua mão tremendo, lhe abriria
A porta da prisão...

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Animais Seres Sencientes - Parte 8/8 - WSPA Brasil

Animais Seres Sencientes - Parte 7/8 - WSPA Brasil

Animais Seres Sencientes - Parte 6/8 - WSPA Brasil

Animais Seres Sencientes - Parte 5/8 - WSPA Brasil

Animais Seres Sencientes - Parte 4/8 - WSPA Brasil

Animais Seres Sencientes - Parte 3/8 - WSPA Brasil

Animais Seres Sencientes - Parte 2/8 - WSPA Brasil

Animais Seres Sencientes - Parte 1/8 - WSPA Brasil

            ESCOLHO    A    LIBERDADE....!


Escolho a LIBERDADE...Incondicionalmente a
                   LIBERDADE:

          
                 Liberdade de SER  eu  mesmo
                e não  xerox existencial,

               Liberdade de pensar,sentir e agir  pelas minhas
                próprias  decisoes;

              Liberdade de me indignar por todas as
                             poluições///propondo soluções//

               Liberdade de cantar minhas canções,.
              sem imitar as canções alheias//

               Liberdade de dançar na chuva,
              sem medo de me molhar//

               Liberdade de plantar minhas sementes de flores
               de todas as cores,nos meus  jardins//Até douradas//

                Liberdade de  dizer  SIM e de dizer Não,
                sem  culpas ou  medos//

               Liberdade de questionar as verdades prontas
               que me ensinaram//

                Liberdade de escolher os caminhos
               que  eu desejar,mesmo que estejam errados//

                 Liberdade de beijar,abraçar a quem eu quiser,
                de afastar de mim quem eu não mais  quiser//

                  Liberdade de ser diferente da maioria,
                     encarando as minhas verdades//

                     Liberdade de sintonizar com a Energia Divina em
                    Mim,dando-lhe o nome que eu quiser//


         LIBERDADE  DE CUMPRIR  MINHA  MISSÃO  DE

                  ALMA,COMO  EU  ACHAR  MELHOR...////


            Liberdade de ir e vir para onde eu quiser,
            Sem, seguir  esquemas prontos opressores...


                   LIBERDADE  DE   AMAR-CANTAR-DANÇAR
        
                    SIMPLIFICAR...     LIBERDADE   DE   SER...!                      



                                                                 Almira  Lima////2010  
                                                            ( vivavida7@gmail.com )
              A V IDA É TÃO PRECIOSA...

                                                               Almira Lima
                                                          Vivavida7@gmail.com
          

*A  VIDA é tão preciosa...
Precisamos vivê -la em cada dia com muito AMOR,
RESPEITO e ALEGRIA.

                          Temos uma MISSÃO  a cumprir...

*A  VIDA  é tão preciosa...
Para pressas anestesiantes que
mascaram ansiedades e medos.

                         Temos uma MISSÃO  a  cumprir...

*A  VIDA  é tão preciosa e
precisamos estar atentos as suas
possibilidades..

                        Temos uma MISSAO   a  cumprir...

*A  VIDA é  tão preciosa...
Não podemos brincar com ela e a arriscarmos
Com atos impensad os...

                      Temos  uma MISSÃO  a  cumprir...

*A  VIDA é tão preciosa que precisamos  AGRADECER
por  tudo e por todos e   por poder
voltar para  casa à noite... 

                      Temos uma Missão a cumprir.
MISSÃO...???     EVOLUIR  COM CONSCIÊNCIA...!!!.                              


Ensinamentos: Ecologia e o Coração Humano por DALAI LAMA

Segundo os ensinamentos budistas, há uma interdependência muito próxima entre o meio ambiente natural e os seres sencientes que nele habitam. Alguns de meus amigos me disseram que a natureza humana básica é um tanto violenta, mas eu disse que não concordo. Se examinarmos os diferentes tipos de animais, por exemplo, aqueles cuja própria sobrevivência depende de tirar outras vidas, como tigres ou leões, aprendemos que a sua natureza básica dota-lhes com dentes e garras afiadas. Animais pacíficos, como corças, que são totalmente vegetarianas, são mais gentis, possuem dentes menores e não têm garras. Desse ponto de vista, nós seres humanos temos uma natureza não violenta. Quanto à questão da sobrevivência humana, os seres humanos são animais sociais. Para sobreviver, precisamos de companheiros. Sem outros seres humanos não há possibilidade alguma de sobrevivência; esta é a lei da natureza.
Como acredito profundamente que os seres humanos são basicamente gentis por natureza, sinto que devemos não só manter relações gentis e pacíficas com a comunidade de seres humanos, mas também que é muito importante estender a mesma atitude gentil para com o meio ambiente natural. Do ponto de vista moral, devemos nos preocupar com todo o nosso meio ambiente.
Além disso, há um outro ponto de vista, não é só uma questão de ética, mas uma questão de nossa própria sobrevivência. O meio ambiente é muito importante não só para esta geração, mas também para as gerações futuras. Se explorarmos o meio ambiente de maneira extrema, embora possamos conseguir algum dinheiro ou outro benefício com isso agora, em longo prazo nós próprios sofreremos e as gerações futuras também sofrerão. Quando o meio ambiente muda, as condições climáticas também mudam. Quando elas mudam dramaticamente, a economia e muitas outras coisas também mudam. Até a nossa saúde física será fortemente afetada. Então, isto não é só uma questão moral, mas também uma questão de nossa própria sobrevivência.
Portanto, para o sucesso da proteção e conservação do meio ambiente natural, penso que é importante primeiro de tudo fazer com que um equilíbrio interno aconteça dentro dos próprios seres humanos. O abuso do meio ambiente, que resultou em tais danos à comunidade humana, surgiu da ignorância quanto à importância do meio ambiente. Penso que é essencial ajudar as pessoas a compreender isto. Precisamos ensinar às pessoas que o meio ambiente tem uma relação direta com o nosso próprio benefício.
Eu estou sempre falando da importância do pensamento compassivo. Como disse antes, até do seu próprio ponto de vista egoísta, você precisa de outras pessoas. Então, se desenvolver a preocupação pelo bem estar de outras pessoas, compartilhar o sofrimento dos outros, e ajudá-los, no fim você se beneficiará. Se pensar só em si mesmo e se esquecer dos outros, no fim você perderá. Isso também é como a lei da natureza.
É muito simples: se você não sorrir para as pessoas, mas olhar de forma carrancuda, eles vão responder de maneira similar, não vão? Se lidar com outras pessoas de uma maneira muito sincera e aberta, eles se comportarão de forma similar. Todo mundo quer ter amigo e não quer ter inimigo. A forma correta de fazer amizades é ter um coração caloroso e não só dinheiro ou poder. Amigos do poder e amigos do dinheiro são coisas diferentes: eles não são amigos verdadeiros. Amigos verdadeiros devem ser verdadeiros amigos do peito, concordam? Eu estou sempre dizendo às pessoas que os amigos que aparecem quando você tem dinheiro e poder não são seus verdadeiros amigos, mas amigos do dinheiro e do poder, porque assim que o dinheiro e o poder desaparecerem, estes amigos também estão prontos para partir. Eles não são confiáveis.
Amigos humanos autênticos ficam ao seu lado quer você tenha sucesso ou esteja sem sorte e sempre dividem as suas dores e cargas. A maneira de fazer tais amizades não é tendo raiva, nem tendo boa educação ou inteligência, mas tendo um bom coração.
Para aprofundar o pensamento, se você precisa ser egoísta, então que seja sabiamente egoísta, e não tacanhamente egoísta. A chave é o senso de responsabilidade universal; esta é a verdadeira fonte da força, a verdadeira fonte da felicidade. Se a nossa geração explora tudo que há disponível — as árvores, a água, e os minerais — sem qualquer cuidado com as próximas gerações ou o futuro, então estamos errados, não estamos? Mas se tivermos um senso genuíno de responsabilidade universal como nossa motivação central, então as nossas relações com nossos vizinhos, tanto os nacionais quanto os internacionais serão promissoras.
Uma outra questão importante é: O que é consciência e o que é a mente? No mundo ocidental, durante os últimos um ou dois séculos, houve grande ênfase em ciência e tecnologia, que trata principalmente da matéria. Atualmente alguns físicos nucleares e neurologistas dizem que quando investigamos partículas de uma forma muito detalhada, há algum tipo de influência do lado do observador, o sabedor. O que é este sabedor? Uma resposta simples é: um ser humano, o cientista. Como este cientista sabe? Com o cérebro, os cientistas ocidentais identificaram até agora apenas umas centenas. Agora, quer chame isto de mente, cérebro, ou consciência, há uma relação entre cérebro e mente e também entre mente e matéria. Penso que isto é importante, Acredito que é possível manter algum tipo de diálogo entre a Filosofia Oriental e a Ciência Ocidental com base neste relacionamento.
Em qualquer caso, atualmente nós seres humanos estamos muito envolvidos com o mundo externo, enquanto negligenciamos o mundo interno. Precisamos de desenvolvimento científico e desenvolvimento material para sobreviver e para aumentar o benefício e a prosperidade geral, mas precisamos igualmente de paz mental. No entanto, nenhum médico pode aplicar uma injeção de paz mental, e nenhum mercado pode vendê-la. Se você for até um supermercado com milhões e milhões de dólares, você pode comprar qualquer coisa, mas se for até lá e pedir paz mental, as pessoas vão rir. É se pedir a um médico a paz mental autêntica, não a simples sedação que consegue tomando algum tipo de pílula ou injeção, o médico não poderá ajudá-lo.
Até os atuais computadores sofisticados não podem dar paz mental. A paz mental deve vir da mente. Todo mundo quer felicidade e prazer, mas se compararmos prazer físico e dor física com prazer mental e dor mental, chegamos à conclusão de que a mente é mais efetiva, predominante e superior. Assim, vale a pena adotar certos métodos para aumentar a paz mental, e para fazer isto é importante saber mais a respeito da mente. Quando falamos de preservação do meio ambiente, isso está relacionado a muitas outras coisas. O ponto chave é ter um senso autêntico de responsabilidade universal, baseado em amor e compaixão, e consciência clara.
(Extraído de My Tibet, Thames and Hudson Ltd., London, 1990, pág. 53-54. Traduzido por Marly Ferreira.)
FONTE:

http://www.dalailama.org.br/ensinamentos/ecologia.php

Tráfico de Animais Silvestres

O Brasil é um dos principais alvos dos traficantes da fauna silvestre devido a sua imensa biodiversidade.

O Brasil é um dos principais alvos dos traficantes da fauna silvestre devido a sua imensa biodiversidade. Esses traficantes movimentam cerca de 10 a 20 bilhões de dólares em todo o mundo, colocando o comércio ilegal de animais silvestres na terceira maior atividade ilícita do mundo, perdendo apenas para o tráfico de drogas e de armas. O Brasil participa com 15% desse valor, aproximadamente 900 milhões de dólares!!!
A fauna apresenta números relevantes em relação a biodiversidade no mundo. Entre os vertebrados, o Brasil abriga 517 espécies de anfíbios (das quais 294 são endêmicas), 468 de répteis (172 endêmicos), 524 de mamíferos (com 131 endêmicas) , 1.622 de aves (191 endêmicas), cerca de 3 mil peixes de água doce e uma fantástica diversidade de artrópodos: só de insetos, são cerca de 15 milhões de espécies (Ministério do Meio Ambiente, Relatório Nacional sobre a iodiversidade, 1998).
A devastação das florestas e a retirada de animais silvestres já causaram a extinção de inúmeras espécies e conseqüentemente um desequilíbrio ecológico. Os animais mais exóticos, raros e até ferozes, dentre muitos outros, pagam com a vida pelo simples prazer que algumas pessoas têm em possuir um animal silvestre em casa.
Seguindo uma lógica cruel - que determina o valor da espécie pela sua raridade e grau de ameaça de extinção, o tráfico da vida selvagem é hoje um dos principais fatores do desaparecimento da fauna brasileira.
 O Brasil abriga mais de 10% de 1.400.000 seres vivos catalogados no planeta. Na classificação mundial em diversidade de espécies o Brasil é o primeiro em primatas, borboletas e anfíbios. A cada ano um número incalculável de filhotes é retirado das matas para serem vendidos como mercadoria. Para os traficantes, o nosso animal silvestre, alguns em perigo de extinção, não passa de uma mercadoria e a natureza, nossos campos e matas, um grande estoque em prateleira!
A Lei de Crimes Ambientais, criada em fevereiro de 1998, considera os animais, seus ninhos, abrigos e criadouros naturais, propriedade do Estado, considerando que a compra, a venda, a criação ou qualquer outro negócio envolvendo animais silvestres é crime inafiançável.
A maior parte das pessoas que possuem animais silvestres em casa enfrentam uma série de problemas. Algumas acreditam estar protegendo os animais sem levar em consideração todo o sofrimento e estresse pelo qual o animal passa. Ao perceberem o trabalho e cuidados especiais que estes animais exigem, além da dificuldade em mantê-los, as pessoas acabam doando os animais aos zoológicos.
O animal em cativeiro perde a capacidade de caçar seu alimento, de se defender dos predadores ou de se proteger de situações adversas. Se forem libertados, mesmo que em locais propícios, dificilmente sobreviverão.
De cada 10 animais traficados, 9 morrem antes de chegar ao seu destino final. Em outras palavras quase 38 milhões de espécimes são arrancados de seus ninhos (aves) e tocas (mamíferos). Desse número, apenas 1% chegará ao destino final. Vocês têm idéia quantos filhotes estão morrendo, diariamente, nas mãos dos contrabandistas? Eles saem do país, pelas fronteiras, escondidos em malas e sacolas, passando nas barbas da polícia, totalmente dopados, anestesiados e provavelmente já mortos por maus tratos!!
Não bastasse a ação dos traficantes, que é intensa, diária e implacável, o quadro de degradação ambiental que o país enfrenta é o resultado de anos de exploração descontrolados dos nossos recursos naturais. Já é do conhecimento de todos que desde o seu descobrimento, há 500 anos, o Brasil perdeu mais de 90% da sua cobertura original de Mata Atlântica. Exatamente por isso, nossa fauna também está ameaçada. Alí, nesses apenas 10% de Mata Atlântica, concentram-se centenas de espécies seriamente ameaçadas de extinção e o ritmo dessa destruição só faz aumentar o perigo para esses animais.
No Brasil, 218 espécies animais encontram-se ameaçadas de extinção, sendo que 7 delas foram consideradas extintas por não existir registros de sua passagem, observação e presença nas matas há mais de 50 anos. 
O Brasil ocupa o 2º. lugar no mundo de espécies de "aves" ameaçadas.
As principais causas da diminuição das populações de animais silvestres são :
  •   redução de seus "habitats" devido à destruição da cobertura vegetal primária;
  •  crescente ocupação humana;
  •  exploração econômica de áreas de florestas, pântanos e cerrado;
  •  tráfico de animais silvestres;
  •  caça e pesca predatórias e indiscriminadas, sem leis adequadas que regulamentem sua permissão.
Há quadrilhas organizadas e especializadas no tráfico de animais e que são bem estruturadas para a venda ilegal. Cerca de 70% do comércio é para o consumo interno e o restante é exportado. Este tráfico envolve um grande número de pessoas, iniciando com os capturadores ou caçadores (geralmente pessoas muito pobres e que conhecem o hábitat dos animais).
A captura acontece em lugares em que há grande biodiversidade: como a região Norte, o Pantanal e o Nordeste — regiões pobres do ponto vista sócio-econômico. As principais áreas de captura estão nos estados do Maranhão, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins, Minas Gerais e região amazônica. Depois, o animal passa por vários intermediários até chegar aos grandes comerciantes que ficam no eixo Rio - São Paulo. 
Nestas capitais acontecem o maior volume de vendas. Os animais tem diversos destinos: muitos são vendidos ilegalmente em feiras, outros vão para criadores ou criadouros, quando exportados, o destino é normalmente a Ásia, a Europa ou o Estados Unidos. É comum acharmos na feira de Praga (Europa) araras brasileiras por 4 mil reais, ou seja, o animal que foi capturado por 50 centavos (R$0,50) é vendido por oito mil vezes mais.
Há informações de que a lucratividade do negócio ilícito atraiu a cobiça de organizações criminosas como a máfia russa, que também está participando do tráfico de animais.
 Quando recolhidos pela fiscalização, os animais silvestres encontram-se em péssimas condições, alguns já mortos, dopados, maltratados, com fome, sede e frio. São filhotes, são bebês, mal enxergam, sem pêlos e sem penas... Necessitam ser rapidamente alojados, alimentados, protegidos e recebem cuidados médicos. Alguns animais sofrem outro tipo de violência: têm seus olhos furados, para não enxergarem a luz do sol e não cantarem - caso das aves, evitando chamar a atenção da fiscalização. Todos são anestesiados para que pareçam dóceis e mansos.
No Brasil, o comércio ilegal da fauna silvestre divide-se claramente em duas modalidades básicas:
O tráfico interno, que tem como característica a sua desorganização, sendo praticado por caminhoneiros, motoristas de ônibus, pequenos comerciantes e miseráveis, que saem de suas cidades levando animais silvestres que vão lhe garantir dinheiro para a viagem e comida.
O tráfico internacional - sofisticado, esquematizado, planejado, com pessoas inteligentes, grandes nomes na sociedade internacional, artistas milionários, inúmeras empresas e grandes laboratórios, que seguem esquemas criativos e originais, distribuem subornos e contam com a condescendência de funcionários do próprio governo, de empresas aéreas e até de políticos.
 O tráfico da fauna silvestre brasileira divide-se em três objetivos distintos:
  • Colecionadores particulares;
  • Animais para fins científicos;
  • Animais para comercialização internacional em "pet shops".
Todos esses animais deixam o país através dos portos e aeroportos das principais cidades brasileiras ou então, através das fronteiras dos países limítrofes ao Brasil, como Argentina, Paraguai, Bolívia, Colômbia, Venezuela, Guianas e principalmente o Suriname, onde jatinhos particulares, aguardam a chegada de dezenas de caminhões brasileiros que levam nossos animais, aos milhares, para terras internacionais.

FONTE: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/fauna/trafico_de_animais_silvestres/trafico_de_animais_silvestres.html

Silvestre Não é Pet - 1/3 - Campanha WSPA Brasil

A Sociedade Mundial da Cegueira

O poeta Affonso Romano de Sant'Ana e o prêmio Nobel de literatura, o portugues José Saramago, fizeram da cegueira tema para críticas severas à sociedade atual, assentada sobre uma visão reducionista da realidade. Mostraram que há muitos presumidos videntes que são cegos e poucos cegos que são videntes.

Hoje propala-se pomposamente que vivemos sob a sociedade do conhecimento, uma espécie de nova era  das luzes. Efetivamente assim é. Conhecemos cada vez mais sobre cada vez menos. O conhecimento especializado colonizou todas as áreas do saber. O saber de um ano é maior que todo saber acumulado dos últimos 40 mil anos. Se por um lado isso traz inegáveis benefícios, por outro, nos faz ignorantes sobre tantas dimensões, colocando-nos escamas sobre os olhos e assim impedindo-nos de ver a totalidade.

O que está em jogo hoje é a totalidade do destino humano e o futuro da biosfera. Objetivamente estamos pavimentando uma estrada que nos poderá conduzir ao abismo. Por que este fato brutal não está sendo visto pela maioria dos especialistas nem dos chefes de Estado nem da grande mídia que pretende projetar os cenários possíveis do futuro? Simplesmente porque, majoritariamente, se encontram enclausurados em seus saberes específicos nos quais são muito competentes mas que, por isso mesmo, se fazem cegos para os gritantes problemas globais.

Quais dos grandes centros de análise mundial dos anos 60 previram a mudança climática dos anos 90?  Que analistas econômicos com prêmio Nobel, anteviram a crise econômico-financeira que devastou os países centrais em 2008? Todos eram eminentes especialistas no seu campo limitado, mas idiotizados nas questões fundamentais. Geralmente é assim: só vemos o que entendemos. Como os especialistas entendem apenas a mínima parte que estudam, acabam vendo apenas esta mínima parte, ficando cegos para o todo. Mudar este tipo de saber cartesiano desmontaria hábitos científicos consagrados e toda uma visão de mundo.

É ilusória a independência dos territórios da física, da química, da biologia, da mecânica quântica e de outros. Todos os territórios e seus saberes são interdependentes, uma função do todo. Desta percepção nasceu a ciência do sistema Terra. Dela se derivou a teoria  Gaia que não é tema da New Age mas resultado de minuciosa observação científica. Ela oferece a base  para políticas globais de controle do aquecimento da Terra que, para sobreviver, tende a reduzir a biosfera e até o número dos organismos vivos, não excluidos os seres humanos.

Emblemática foi a COP-15 sobre as mudanças climáticas em Copenhague. Como a maioria na nossa cultura é refém do vezo da atomização dos saberes, o que predominou nos discursos dos chefes de Estado eram interesses parciais: taxas de carbono, níveis de aquecimento, cotas de investimento e outros dados parciais.  A questão central era outra: que destino queremos para a totalidade que é a nossa Casa Comum? Que podemos fazer coletivamente para garantir as condições necessárias para Gaia  continuar habitável por nós e por outros seres vivos?

Esses são problemas globais que transcendem nosso paradigma de conhecimento especializado. A vida não cabe numa fórmula, nem o cuidado numa equação de cálculo. Para captar esse todo precisa-se de uma leitura sistêmica junto com a razão cordial e compassiva, pois é esta razão que nos move à ação.

Temos que desenvolver urgentemente a capacidade de somar, de interagir, de religar, de repensar, de refazer o que foi desfeito e de inovar. Esse desafio se dirige a todos os especialistas para que se convençam de que a parte sem o todo não é parte. Da articulação de todos estes cacos de saber, redesenharemos o painel global da realidade a ser comprendida, amada e cuidada. Essa totalidade é o conteúdo principal da consciência planetária, esta sim, a era da luz maior que nos liberta da cegueira que nos aflige.

Leonardo Boff á autor de A nova era: a consciência planetária, Record (2007)


 Fonte: http://www.leonardoboff.com/site/lboff.htm

2010, Crise climática. Manifestação da crise civilizacional

Modelo econômico em xeque
Matrizes
energéticas no centro do debate
Belo Monte. Símbolo de um modelo ultrapassado
Alternativas e protagonistas


O paradoxo é sempre mais evidente: por um lado, uma sensibilidade cada vez maior quando o assunto é crise ecológica entre muitos cidadãos; por outro, uma inércia quando se trata de partir para ações concretas ou envolve interesses econômicos.
Esta seção da conjuntura global de 2010, procura reunir as principais questões referentes à temática ambiental, com especial atenção à análise dos limites do modelo neodesenvolvimentista e às alternativas, quer pessoais, quer comunitárias, quer institucionais para fazer frente à crise ecológica e na proposição de um outro estilo de vida.
A crise ecológica é, possivelmente, a manifestação por excelência de uma crise bem maior, mais vasta, mais profunda e mais aguda, denominada crise civilizacional ou epocal, que reverbera nas crises econômico-financeira, ecológica, alimentar, energética e do trabalho. Acrescente-se ainda que o conjunto dessas crises vem acompanhado de uma crise ético-cultural, ou seja, não se trata apenas de uma crise ancorada nas relações de produção, mas também e sobretudo de uma crise do sentido humano que emerge nessa transição de século.
A crise civilizacional exige uma interpretação sistêmica. As várias crises estão interrelacionadas e requerem uma abordagem a partir do paradigma da complexidade, como propõe Edgar Morin. Trata-se de perceber que “não só a parte está no todo, mas também que o todo está na parte”. Tudo está interligado, entrelaçado, e há uma interdependência entre as crises. Nossos problemas não podem mais ser concebidos como separados uns dos outros.
O planeta Terra dá sinais cada vez mais evidentes de esgotamento. Os sistemas físicos e biológicos alteram-se rapidamente como nunca antes aconteceu na história da civilização humana. Desde a publicação do relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), em fevereiro de 2007, já não há mais contestação de que o responsável pela evolução acelerada da tragédia ambiental seja a ação antropogênica sobre a Terra. À época, o informe dos pesquisadores e cientistas foi categórico e não deixou espaço para dúvidas ao afirmar de forma contundente – o relatório utilizou a expressão “inequívoca” – que o aquecimento global se deve à intervenção humana sobre o planeta.
As pesquisas e os estudos avançaram desde a publicação do relatório do IPCC, e a situação do mundo daquela época já está claramente defasada. Estudo recente apresentado por pesquisadores afirma que alguns limites planetários já foram ultrapassados. Segundo o estudo, três dos limites já foram transgredidos: o aquecimento global, a extinção de espécies e o ciclo do nitrogênio. Outros quatro estão próximos: uso da água doce, conversão de florestas em plantações, acidificação dos oceanos e ciclo do fósforo.
Segundo o relatório Planeta Vivo 2008, divulgado pelo WWF, nosso consumo dos recursos naturais já excede em 30% a capacidade de o planeta se regenerar. Com outras palavras, a espécie humana já necessita hoje de 1,3 planeta para satisfazer suas necessidades e desejos de consumo. A “pegada ecológica” – indicador da pressão exercida sobre o ambiente está muito forte. A média é 2,2 hectares, mas o espaço disponível para regeneração (biocapacidade) é de apenas 1,8 hectare. Avançamos o sinal. Há quem diga que o estrago já foi feito e o ponto de retorno já passou. Na análise do ambientalista James Lovelock, Gaia – o organismo vivo que é a Terra – está com febre e se nada, e urgentemente, for feito esse quadro poderá evoluir para o estado de coma, ou seja, o equilíbrio planetário entrará em colapso.
É o tipo de desenvolvimento econômico implantado, especialmente, ao longo dos últimos dois séculos, baseado no paradigma do crescimento econômico ilimitado, na ideia de progresso infinito e na concepção de que os recursos naturais seriam inesgotáveis e de que a nossa intervenção sobre a natureza se daria de maneira neutra, que se encontra a razão do impasse que vivemos. Na origem da crise ecológica está o consumo desenfreado. O estilo de vida americano e ocidental – reproduzido em grande parte do continente latino-americano – não é compatível com as possibilidades do nosso Planeta. Veja-se, a título de exemplo, o paradoxo que representa o crescimento da classe média brasileira, tão festejado, mas que é ávida por consumir mais e mais, caminhando, dessa maneira, na contramão da história.
 “Essa crise ambiental não veio do nada. Não foi desastre natural, foi causada por homens”, diz Nicholas Stern. Quando se pensa que uma sociedade sustentável é aquela que satisfaz suas necessidades sem diminuir as perspectivas futuras, como define Lester Brown, percebe-se que o nosso modo de produção e de consumo está comprometendo a vida das futuras gerações, ou seja, estamos decidindo a sorte de quem virá depois de nós, deixando-lhes um mundo árido, poluído e feio. Emerge com intensidade crescente a consciência de que qualquer projeto radicalmente alternativo de sociedade não pode desconsiderar a questão ecológica.

Modelo econômico em xeque
No entanto, parece haver uma crônica dissociação entre a consciência planetária que vem se adquirindo acerca da problemática ambiental e o mundo dos políticos e, consequentemente, as políticas que deveriam ser implementadas. Isso se verifica, particularmente, no caso brasileiro.
Mais de uma vez temos chamado a atenção para o descompasso entre as potencialidades brasileiras em termos de implementação de um modelo de desenvolvimento econômico alternativo e as práticas políticas vigentes – mantidas e implementadas por convicção dos governantes de plantão e por pressão de poderosos interesses econômicos, com ramificações no governo e no congresso.
O modelo econômico brasileiro continua referenciado no modelo industrial clássico, que ainda não consegue incorporar o elemento ecológico ou ecossustentável. Esse não parece ser um limite apenas dos políticos, mas também de boa parte da intelectualidade brasileira.
O atual modelo pode ser descrito como neodesenvolvimentista ,e este modelo, evidentemente pela situação em que o Brasil se encontra hoje, tem vantagens que não podem ser negadas, como veremos mais adiante nesta análise. Entretanto, é cego – ou ao menos caolho – em relação à temática ambiental. E nisso reside o limite.
Uma manifestação disso foi o debate público eleitoral. Os projetos e os debates políticos sobre o Brasil que queremos ainda prescindem este aspecto da realidade nacional. O fato é que foi um tema esquecido. A temática ambiental ficou relegada e subordinada à agenda econômica. Pior ainda, a uma agenda dependente de um padrão de desenvolvimento fordista. O modelo de desenvolvimento, tão discutido em termos de seu crescimento econômico, não o foi em termos dos impactos ambientais e sociais, salvo exceções. Estudiosos insistem em ver tremendas potencialidades na questão ecológica e que serão a ponta de lança para uma sociedade sustentável. Ou seja, defendem que o Brasil poderia aproveitar os recursos naturais disponíveis para começar a sentar as bases para uma ecoeconomia. Mas, o desenvolvimento ganhou do meio ambiente nestas eleições.
O debate sobre a reforma do Código Florestal é outro sintoma da preponderância da visão economicista. O novo Código Florestal, se aprovado, pode representar um desastre ecológico, pois ameaça florestas e espécies. Além disso, prejudica os agricultores familiares, incentiva o desmatamento e amplia as anistias a produtores rurais. O parecer do deputado Aldo Rebelo, que inclui as modificações sugeridas, é tão favorável ao agronegócio, que este tem toda a pressa para aprová-lo o mais rapidamente possível. Por outro lado, tem a oposição de ambientalistas, cientistas e movimentos da sociedade. Como não foi aprovado em 2010, certamente a ‘bancada da motosserra’ retorna à carga em 2011.

Matrizes energéticas no centro do debate
Os atuais modos de produzir e de consumir são vorazes em termos energéticos. A civilização moderna é insaciável por energia. A necessidade de energia impostou-se no centro do desenvolvimento neste início do século XXI. Não há país no mundo hoje que não esteja às voltas com a questão energética, que tem hoje o potencial de estrangular qualquer economia. O mundo necessita sempre mais de petróleo, carvão, gás, eletricidade, energia nuclear e agora biocombustíveis.
As matrizes energéticas, via-de-regra, se produzem a partir de uma lógica concentrada e concentradora, além de serem reféns do gigantismo. Basta pensar aqui nas gigantescas estruturas para extração e refino de petróleo, nas hidrelétricas e usinas nucleares. As matrizes energéticas centralizadoras, poluidoras e devastadoras do meio ambiente – tributárias da sociedade industrial –, apresentam enormes ameaças à biodiversidade e perigos à civilização humana, particularmente no caso da energia nuclear. Cabe alertar que essas matrizes energéticas pertencem cada vez mais ao passado, e o século XXI exigirá outras fontes de energia, renováveis e mais limpas.
A matriz energética brasileira apóia-se largamente no petróleo – e a depender das recentes descobertas do pré-sal esse uso perdurará ainda por muito tempo e contribuem para desviar o foco das atenções – e também sobre a eletricidade, proveniente das mega-hidrelétricas. Ainda que seja uma matriz energética menos poluente que o petróleo e o carvão e renovável, o modelo adotado em nosso país causa enormes impactos ambientais e sociais, com consequências que podem ser irreversíveis.
Neste aspecto, o Brasil, em vez de assumir a vanguarda no processo de descarbonização da economia, investe em matrizes energéticas já superadas. No afã de garantir energia para sustentar o crescimento econômico e o consumo – interno e para exportação dos produtos – o governo brasileiro passou a investir pesadamente na construção de novas hiAssim, as atenções se voltam para a nova fronteira energética – a Amazônia – ainda não explorada, mas que ao mesmo tempo se constitui em um paraíso e mina em termos de biodiversidade, cuja floresta é fundamental também para o equilíbrio das chuvas no centro-oeste, sudeste e sul do Brasil, entre outras coisas.
Uma série de usinas hidrelétricas já está em construção ou em fase de licitação ou apenas sendo projetada para a região. Destacam-se as usinas dos Complexos Madeira (Santo Antonio e Jirau), Tapajós e Teles Pires.

Belo Monte. Símbolo de um modelo ultrapassado
Entretanto, a obra mais emblemática está projetada para o rio Xingu, no Pará: a Usina de Belo Monte, cujo início das obras está previsto para abril de 2011, um ano após o seu leilão. Ela é a maior obra de infraestrutura já realizada no país desde a construção da Itaipu Binacional e o terceiro maior empreendimento hidrelétrico do planeta, atrás apenas do projeto chinês de Três Gargantas e da própria Itaipu. O projeto impactará 11 municípios, nove territórios indígenas, desalojará milhares de pessoas e desmatará grandes áreas de floresta e secará parte do rio Xingu. Ela é considerada uma obra autoritária e perfeitamente dispensável por parte da sociedade civil.
Belo Monte é uma obra emblemática exatamente porque revela concepções de mundo diferentes. Como afirma o sociólogo Cândido Grzybowski, “o debate sobre a Usina Hidrelétrica de Belo Monte é, antes de tudo, um debate sobre o Brasil que queremos”. Por um lado, insere-se no movimento do neodesenvolvimentismo, para quem, na melhor das hipóteses, a destruição da natureza é um mal não desejado, mas necessário para garantir crescimento, consumo e geração de empregos. Por outro lado, as reações de resistência, como veremos logo abaixo, se dão justamente em defesa de outro modelo de desenvolvimento, menos agressivo com o meio ambiente e mais respeitoso dos povos originários. Em última instância, é um debate sobre o Brasil que se quer.

Alternativas e protagonistas
Um amplo movimento – esparso, difuso, pessoal, comunitário ou institucional, ora mais descentralizado, ora mais coeso ou se articulando em rede – faz erguer mundo afora sua voz em defesa da consciência ecológica, de um outro modo de produzir e de consumir, que passa por um estilo de vida mais austero.
Há pessoas e campanhas que se dispõem e propõem dispensar o carro (Dia Mundial sem Carro), comer menos ou nada de carne (vegetarianismo, veganismo, Campanha Segunda-feira sem Carne…), ter hábitos mais saudáveis de alimentação (Slow Food), produzir alimentos agroecológicos, transformar o mundo pelas atitudes (ecoblogueiros), ter um estilo de vida baseado no Bem Viver e não no viver melhor. Há campanhas apelam à mudança pessoal de atitudes (faça a sua parte) e outras que buscam comprometer as lideranças mundiais.
Em 2010, houve a confluência inédita de três grandes campanhas mundiais em torno da chamada Campanha 10:10:10: a Campanha 10:10 Global (www.1010global.org), que surgiu em 2009 na Inglaterra com a Franny Armstrong, diretora do filme A Era da Estupidez, sucesso de bilheteria sobre as mudanças climáticas; o Dia Global de Soluções Climáticas ou “350”; e o Tempo para a Criação, uma iniciativa de oração e reflexão das Igrejas Cristãs.
Essa Campanha parte da constatação de que a aproximação do perigo que a mudança climática pode representar para a vida na Terra é momento propício – o kairós – para a ação. A vida tem o instinto de se manter viva. E há “instrumentos” que podem ser aproveitados para a “salvação” da vida. Evitar que isso aconteça é sinal de responsabilidade para com toda a criação. “Ali onde cresce o perigo também cresce a luta pela salvação”, no dizer de Edgar Morin.
Há ainda um outro tipo de manifestação, de resistência à implantação das mega-hidrelétricas na região amazônica, empunhado especialmente pelos povos indígenas, que veem seus direitos fundamentais sendo violados. São eles os mais diretamente atingidos por essas obras e que, além disso, encarnam uma outra relação com a natureza. Para eles, preservar a floresta e sua biodiversidade é promessa da manutenção da suas vidas. Por isso se opuseram energicamente a esses projetos, que atendem especialmente interesses alheios a eles. Essa luta é travada juntamente com os povos amazônicos, ribeirinhos, pequenos agricultores, seringueiros, pescadores contra hidrelétricas que estão em fase de construção ou anunciadas nos rios Madeira, Xingu, Tapajós, Teles Pires.
Também um religioso, especialmente, tem se destacado na oposição à proliferação das hidrelétricas na região: dom Erwin Kräutler, bispo de Altamira, no Pará. Referindo-se a Belo Monte, qualifica a de “monstruosidade” e indaga diante do tamanho da destruição: “O sangue derramado desse povo clama aos céus. O projeto desenvolvimentista do governo está sendo construído sobre os cadáveres dos indígenas. O que tem mais valor, as grandes obras ou a vida humana, a família?”, pergunta Kräutler.
Prospectivamente, em 2011, a Igreja católica do Brasil propõe como tema para a reflexão e a oração, no contexto da Campanha da Fraternidade, as mudanças climáticas. Poderá ser uma ótima oportunidade para continuar o debate e a ação sobre este tema crucial para o futuro da humanidade e do planeta.

Conjuntura Especial. Uma síntese dos grandes temas abordados em 2010
O Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT, parceiro estratégico do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, ao longo de 2010 produziu análises da conjuntura semanais a partir da (re)leitura das ‘Notícias do Dia’ publicadas, diariamente, no sítio do IHU e da revista IHU On-Line publicada semanalmente. Como fecho do trabalho desse ano, apresentamos uma Conjuntura Especial que retoma os grandes conteúdos abordados pelas conjunturas semanais no ano de 2010.
(Ecodebate, 23/12/2010) publicado pelo IHU On-line, parceiro estratégico do EcoDebate na socialização da informação.
[IHU On-line é publicado pelo Instituto Humanitas Unisinos - IHU, da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos, em São Leopoldo, RS.]







sábado, 25 de dezembro de 2010

Ana Primavesi - "Eles vão destruir tudo"


 Considerada a pioneira de agroecologia ou agricultura natural no País, a austríaca Ana Primavesi é uma das mais renomadas cientistas do planeta quando o assunto é o uso do solo e práticas sustentáveis de plantio, temas cada vez mais recorrentes em tempos de mudanças climáticas e fome no mundo. Aos 90 anos, falou à Folha Universal no seminário internacional “Crise de subsistência dos produtores rurais: alimentação ameaçada pelas mudanças climáticas”, realizado recentemente em Belo Horizonte (MG) pela associação suíça independente Media21. A agrônoma, que estudou o uso de solos nas universidades de Viena (Austria) e de de Santa Maria (RS), mantém uma agenda de palestras pelo mundo. Ela fala com propriedade sobre práticas agrícolas sem uso do veneno e não hesita em alertar para os riscos da agricultura industrial.

1 – O que é a agroecologia?
Eco quer dizer lugar. Agroecologia é quando consideramos todos os fatores que existem em um lugar: água, terra, clima, trabalho, tudo. É preciso fazer agricultura do modo mais natural possível. Em princípio, a natureza já produz o máximo. Se eu começo a modificá-la, em um momento pode até ser que produza mais, mas depois vem a destruição.

2 – Empresas de fertilizantes, agrotóxicos e transgênicos dizem que só com agroecologia não dá para produzir comida para todos. Dá? Ao contrário, com a agroecologia você produz mais. O problema é que essas empresas não entendem a produção. A visão deles é limitada. Eles trabalham apenas com um fator. Com modificações você pode conseguir algumas colheitas maiores, mas depois vem o fracasso. Por um tempo talvez funcione, mas a natureza vai buscar o equilíbrio. Se estragarmos o solo, e ele deixar de ser permeável, teremos enchentes e desastres naturais. É preciso ver a relação entre as coisas.

3 – E os transgênicos? O que acha de modificar geneticamente as plantas para produzir mais?
Não é necessário. Na natureza tudo está ligado, um fator se encaixa no outro. Se você muda um fator, ele deixa de se encaixar e isso causa um desequilíbrio difícil de controlar. A natureza já produz o máximo possível dentro das condições que existem. Se você modificar, pode ser que produza mais, mas afetará outros fatores.

4 – E o argumento de que a seleção de sementes que os camponeses fazem há séculos já é uma alteração na natureza? Dá para comparar? É uma alteração, mas tem que ver o quanto altera. Isso é feito há milhares de anos e é bem diferente. Na China, graças a essa seleção, havia 14 mil variedades de arroz, cada região tinha a sua. Aí criaram um arroz hibrido e ficaram seis variedades que, se as condições forem favoráveis, podem produzir mais. O problema é que, se não forem favoráveis, se as seis fracassarem, vem a fome.


5 – É possível recuperar tais variedades de sementes?
Na Indonésia, havia 36 mil variedades e deixaram apenas três que produziam mais. Em um ano em que as condições não foram favoráveis veio a fome. O governo procurou as antigas, mas restavam cinco ou seis. O resto, resultado da seleção de milhares de anos, foi perdido. A história não é bem como contam. Quando tudo vai bem, pode ser que produzam mais, mas nem sempre é assim. Os transgênicos não são solução, apesar de as empresas fazerem uma pressão violenta.

6 – As empresas que hoje trabalham com transgênicos são as da indústria química. Como vê isso? São empresas que querem uma agricultura com o máximo de químicos para terem lucro. Falam que com os transgênicos será possível produzir sem veneno, mas não é o que temos visto.

7 – O Brasil é hoje o país que mais usa veneno na agricultura, não?
Sim e isso não é animador. Temos visto jacarés, que por estarem na água são os primeiros afetados, tendo deformações nas patas, nos genitais. A situação é grave. Os agricultores brasileiros usam porque são incentivados. Nos anos 1960 e 1970, milhares de representantes comerciais norte-americanos vieram para o Brasil vender este tipo de agricultura. Eles se apresentavam como acadêmicos, mas depois descobrimos que eram vendedores. As pessoas adoram ouvir “especialistas”.
8 – Representantes das empresas?
Isso. São pessoas que enxergam primeiro o dinheiro e, depois, talvez a nutrição. Só que a população está aumentando e a área de plantio é cada vez menor. Precisamos de produção máxima em área mínima e para isso é preciso reforma agrária. Há propriedades de milhares de hectares. No Mato Grosso, uma pessoa tem 320 mil hectares. Ele vai cuidar da terra? Vai se preocupar em produzir o máximo? Não. Essas grandes propriedades nem tratoristas têm, os tratores andam por rádio.

9 – A senhora é contra máquinas? Não, mas sou contra a supermecanização, tratores teleguiados que fazem de tudo, analisam o solo, adubam. Para produzir é preciso sentir a terra. Quando fui para a Chapada Diamantina (BA), conheci agricultores que me disseram que estavam pobres porque eram analfabetos. Veja bem, a agricultura não depende da escrita. Expliquei a eles que deveriam observar e trocar experiências. Encontrei com eles 3 anos depois e haviam prosperado. A questão principal é essa: observar e pensar. Temos um presidente que não tem curso superior, não é? O nosso problema é achar que somos burros e não sabemos nada.

10 – E o futuro?
Eles vão destruir tudo e no fim teremos que começar de novo. Querem modificar tudo de modo que a indústria tenha lucro, mas a natureza não é só para lucro. Isso é complicado e perigoso. Se as coisas continuarem assim, a consequência será a destruição dos solos e o aquecimento global cada vez pior. Falam que a agroecologia é antiquada, é passado. Mas nunca vai ser. Eco é lugar, é preciso cuidar do lugar em que estamos. Agroecologia sempre será moderna.

Por Daniel Santini
Enviado especial a Belo Horizonte*
daniel.santini@folhauniversal.com.br


Assista a animação VEGANA do Instituto Nina Rosa ( Abolicionismo Animal )

O Instituto Nina Rosa é uma ONG de cunho educativo ( educação humanitária )que trabalha sob a perspectiva do Abolicionismo Animal, ou seja; libertar-se da utilização dos animais sob todos os aspectos alimentação, vestuário, experimentação, trabalho etc, que correspondem as práticas do Veganismo. Assim para descobrir maiores detalhes acesse os links abaixo:


ANIMAÇÃO VEGANA: http://bit.ly/gwZkZe 
SITE INSTITUCIONAL NINA ROSA: http://www.institutoninarosa.org.br/