sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014




MISERICÓRDIA A TODO TRABALHADOR ANIMAL




Por Swami Fonseca
Bióloga, professora e graduanda em Medicina Veterinária UFPEL

       O grande feito do filósofo Karl Marx é ter provado que o trabalho foi uma sucedida invenção para subordinar hierarquicamente os indivíduos aos detentores dos meios de produção e aos capitais. A história do trabalho nas sociedades foi construída na servidão obrigatória mascarada pela cultura da dominação. O governo Vargas implantou no Brasil vários ganhos na legislação trabalhista como aposentadoria, regime de 8 horas diárias, salário mínimo a todos os trabalhadores. Mas desse rol foram excluídos certos trabalhadores que não votam, não falam e vivem por vezes em condições cruéis. Remeto-me aquele trabalhador que pega pesado mesmo sob o Sol fatigante, que puxa carga muito além das suas forças desrespeitando o seu porte, a sua tenra idade, as grávidas que não possuem licença gestante, aos doentes sem direito ao atendimento e licença médica, aos idosos sem direito a aposentadoria e não menos pior, sem o direito ao descanso diário, sem feriados e domingos. Assim este tipo de trabalhador na maioria das vezes não se alimenta e nem recebe água porque é tido como uma máquina para trabalhar e manter uma família que não é a sua. Eis a vida de vários cavalos que puxam carroças pelo mundo a fora e que não possuem em seu favor nenhum tipo de legislação trabalhista. Aliás, a velhice lhes reserva o matadouro para dar fim a uma existência marcada pela pior forma de escravidão sem ter recebido qualquer tipo de reconhecimento. Ao invés disso ele é mau tratado, humilhado recebendo chicoteadas porque inocentemente não compreende as ordens do seu chefe que tem muita pressa em fazer o próximo frete e talvez com carga ainda mais pesada. Isso acontece numa sociedade que reluta na evolução que determina quem será o dominado pela sua condição de vulnerabilidade em não poder se defender e exigir os seus direitos ou apenas dizer “não”.
          Nessa semana na cidade de Rio Grande/RS presenciei uma cena deplorável: um cavalo no último estado de magreza a ponto de contar as suas costelas e vértebras. Um verdadeiro cadáver ambulante puxando uma carroça com seu proprietário e chefe – homem forte e muito bem alimentado – exigindo total velocidade sob Sol a pino daquele pobre trabalhador. Será que todo trabalho é digno? Obviamente que não. Aquele trabalhador de quatro patas explorado não pode falar para exigir os seus direitos de trabalhador, porque para ele não há INSS e nem SUS ao contrário de seu chefe que goza de algum tipo de assistência do governo. Até quando Rio Grande – a cidade do Pólo Naval - em franco crescimento permitirá esse tipo de situação? É incompatível a utilização de carroças no trânsito caótico que só tende a aumentar. São carroças em estado precário e conduzidas muitas vezes por crianças e adolescentes sob alta velocidade em meio a carros e ônibus. É um verdadeiro vexame para todas as cidades que mantém esse contexto de risco de acidentes no trânsito. Existem várias alternativas para abolir o uso de carroças, como o cavalo de lata que é apenas uma. A responsabilidade é de todos. É da população que deve indignar-se e denunciar. É das empresas e clientes que devem negar serviço a todo proprietário de carroça que mantém seu animal em péssimo estado de saúde. É da câmara de vereadores que deve criar leis que se direcionem a abolição animal na construção de uma sociedade solidária e pacífica. É do executivo que deve implementar programas de fim das carroças. Logo todos têm responsabilidade e poder de ação. Aqui em Rio Grande tem  a Resolução Nº 5 feita pela Câmara Técnica Permanente de Bem-Estar Animal pertencente ao COMDEMA ( Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente ) e aprovada pelo mesmo em 2011 que trata dos veículos de tração animal, mas que precisa sair do papel até a abolição das carroças.

MISERICÓRDIA A TODO TRABALHADOR ANIMAL, EXPLORADO E HUMILHADO TODOS OS DIAS. MAU TRATO É CRIME!! DENUNCIE!! 

Construa uma sociedade justa, solidária respeitando a vida de todos os seres.
BATALHÃO AMBIENTAL DE RIO GRANDE: ( 53 ) 32 35 47 02




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