domingo, 3 de outubro de 2010

FIM AO EMBARQUE DE GADO VIVO NOS PORTOS

           Nossa história em termos de Brasil é marcada por verdadeiros vexames, um deles foi a escravidão capitalizada no período da colonização. Os navios negreiros transportavam milhões de seres humanos que eram coisificados, ou seja; não eram concebidos como pessoas iguais a qualquer outras, que não as da sua própria raça.  Mas, hoje infelizmente; ainda  existem outros tipos de escravidão, mais sofisticados em termos de condicionantes sociais, tanto para humanos; como a escravidão em trabalhos forçados ( ex: trabalho no meio rural onde a mão de obra é submetida a uma jornada de trabalho intensa por um prato de comida ou em grandes centros metropolitanos através de empresas multinacionais que exploram mão de obra infantil ) , bem como a escravidão sexual de crianças ( pedofilia ) e de mulheres ( prostituição ) em situações de vulnerabilidade social e por fim; e não-menos cruel , a escravidão dos não-humanos, a qual  encontramos uma vastidão de exemplos. A espécie humana é a única na Terra que escraviza a si mesma e a outras espécies a sua conveniência em nome do antropocentrismo. E neste item encontramos várias facetas que coloca um ser onipotente sobre os demais incluindo também as questões de gênero.
           Mas quanto sociedade estamos  avançando aos poucos. Prova é que na semana passada o Ministério Público de Rio Grande/RS entrou com um ação civil pública contra a empresa, que realiza o embarque de gado vivo e a FEPAM, por não se ater nas condições dos animais, no porto de Rio Grande. A ação foi respaldada por um abaixo-assinado além de provas documentais que atestavam as péssimas condições sanitárias no confinamento e de bem-estar dos animais. Logicamente, esta questão ultrapassa as condições físicas do transporte e se  expande para o modo de produção capitalista através do consumo em massa a que somos submetidos sem pensar nas suas consequências tanto para nós, para os animais e o planeta. Que força invisível é esta que nos diz desde cedo o que temos que comer, vestir, ver na TV, ou mesmo falar, enfim, será que somos realmente donos de nossa vida? Que força é esta que faz com que nos preocupemos com o que os outros vão dizer ou julgar a nosso respeito, para manter-nos aprisionados no senso comum e sermos mais um mero operário do sistema, pois o fruto de nosso trabalho resulta no consumo. Vestimos jeans, usamos tênis, utilizamos celulares, enfim acabamos nos tornando escravos de nós mesmos sob pressão de uma mídia que dita normas de conduta e convivência. Tornou-se culturalmente aceito em todo Brasil e digamos no mundo, consumir churrasco e cerveja e aí de quem não fizer isso, é taxado como louco. Aliás faço parte e com orgulho  desse grupo, uma minorira considerada louca. Quando as pessoas ingerem, mastigam a carne não se perguntam qual o trajeto daquele animal até o seu prato, como viveu? como morreu? o que importa é ter a "barriga-cheia" ( isso falando em bom português ) como muitos devem pensar lendo este texto.
         Temos que parar, calar, observar e pensar, são os quatro tempos necessários para decifrar nossas opções de vida e que serão de sobrevivência nas próximas décadas aqui no planeta.

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